Imagens do professor de Língua Portuguesa: A racionalização do trabalho docente em dissertações do Mestrado Profissional em Letras em Rede Nacional (ProfLetras)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: OLIVEIRA, Silvana Bandeira lattes
Orientador(a): FAIRCHILD, Thomas Massao lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15174
Resumo: Nesta tese analisamos as imagens do professor de Língua Portuguesa nos discursos de formação continuada materializados em documentos do ProfLetras e dissertações de mestrado defendidas nesse programa. Sustentamos que essas imagens embasam um movimento de racionalização do trabalho docente manifestado nas propostas de ensino que integram essas dissertações, configuradas de forma a privilegiar a tradução dos conhecimentos teóricos tomados como referência em “pacotes de instruções” direcionados ao professor. Fazemos isso a fim de refletir sobre o processo de (re)qualificação do professor de Língua Portuguesa da escola básica neste início do século XXI, num momento em que a natureza dessa profissão e sua relação com os processos de produção dos conhecimentos parecem passar por mudanças. O quadro teórico em que se assenta nosso estudo situa-se no campo da Análise do Discurso de linha francesa, com destaque para os conceitos de formação imaginária, discurso, formação discursiva, interdiscurso, entre outros conceitos abordados por Michel Pêcheux (1993, 2012, 2014), aos quais acrescentamos considerações de Jacqueline Authier-Revuz (1990, 2004), de Eni Orlandi (2015) e Cleudemar Fernandes (2008). Ajudam a compor essa parte da pesquisa, também, as discussões empreendidas por Mikhail Bakhtin/Volochinov (2006) em torno do caráter “ideológico” do signo e suas particularidades enquanto signo verbal (palavra), bem como as discussões sobre o signo em Rama (2015), que o associa às noções de “ideia reitora” e de “escritura”. No campo da educação, nossos estudos estão ancorados principalmente nas discussões acerca das transformações que atingem o trabalho nessa área, em especial, as mudanças na carreira docente no final do século XIX e ao longo do século XX. Para esse debate contamos com as ideias de Michael Apple (1989, 1995), Magda Soares (1989) e João Wanderley Geraldi (1997). Além desses autores, Maria Malta Campos (2000), Mariano Fernández Enguita (2001), Pablo Gentili (2001) e José Carlos Libâneo (2004) nos auxiliam nessa reflexão, trazendo questões acerca do discurso da “qualidade” do ensino e os diferentes sentidos que o constituem e estão presentes na transformação das ações educacionais. O corpus utilizado na pesquisa está constituído por: a) três textos de apresentação do ProfLetras retirados de sites institucionais (UFRN, UFPA e CAPES); e b) dezoito dissertações do programa do mestrado ProfLetras (UFPA/defesa 2015-2016), sendo que as introduções e os projetos de ensino foram eleitos os recortes para a análise. Constatamos que a imagem do professor de língua materna se destaca por aquilo que lhe falta, e em contrapartida, o programa de mestrado aparece como suplência para essa falta, responsável por transformar a prática pedagógica e, consequentemente, sua imagem. Esse quadro de desqualificação do professor, por sua vez, integra um processo de requalificação profissional que se apoia no discurso educacional institucional, fundamentado em um movimento de racionalização, possibilitado pelo uso do conhecimento técnico/administrativo nos projetos de ensino das dissertações. Estes projetos mostram formas de controle que tendem a:1) conversão de um arcabouço teórico em saberes técnicos; 2) divisão de papéis na construção de conhecimento em um sistema de trabalho; 3) ênfase aos procedimentos, aos processos e aos objetos de ensino em detrimento aos autores que atuariam na construção do conhecimento; e 4) Promoção do signo (escritura), dos saberes, dos discursos e das imagens.