Antropofagia haroldiana: a reescrita como projeto literário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: SAUMA, Thaís do Socorro Pereira Pompeu lattes
Orientador(a): LEAL, Izabela Guimarães Guerra lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Letras
Departamento: Instituto de Letras e Comunicação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11183
Resumo: A tese tem como objetivo principal demonstrar a atitude antropofágica, no sentido oswaldiano, presente na escrita de Haroldo Maranhão (1927-2004). A pesquisa de natureza bibliográfica baseou-se em vários textos críticos sobre a antropofagia, a escrita e reescrita literária, a fortuna crítica sobre o escritor paraense, além de sua obra que foi lida inteiramente. O gesto antropofágico é estudado em três romances do escritor: O Tetraneto del-Rei (1982), Cabelos no coração (1990) e Memorial do fim (1991), os quais denominamos de tríade antropofágica para os referenciar de forma mais didática. Inicialmente foi realizada uma reflexão sobre a antropofagia desde o seu começo e de todos os seus desdobramentos no campo das artes e da cultura nacional, tendo o Manifesto Antropófago (1928) de autoria de Oswald de Andrade como principal base teórica. Em seguida estudou-se a antropofagia como forma de pensamento que percorre a escrita haroldiana, e que pode ser encontrada em outras obras para além do recorte proposto. A antropofagia, na obra de Haroldo Maranhão, tem várias motivações de natureza crítica, como a trapaça e a reescrita da história, o avivamento de personalidades influentes, porém apagadas pelo discurso dominante, e também como forma de legitimação de sua escrita a partir da incorporação de escritores canônicos. O esforço por encontrar a presença de outros textos inseridos nas obras em análise nos possibilitou considerar Haroldo Maranhão como um escritor antropófago, pelos vários procedimentos de reescrita frequentes em seus romances, que coincidem com as bases do movimento antropofágico oswaldiano, tais como: a subversão discursiva, a apropriação, a reescrita, a desconstrução e a ironia como ferramentas de traição ao texto anterior, e a inversão da história dos vencedores. A pesquisa permitiu concluir que a escrita canibalesca de Haroldo Maranhão propõe novos sentidos ao processo de colonização brasileira, acrescenta informações sobre a vida e a obra de personalidades históricas apagadas pelo discurso da tradição e apropria-se do cânone literário como forma de penetração e legitimação para fins de consagração do texto. A explicação da atitude antropofágica em Haroldo Maranhão nunca se afastará da concepção de que o escritor antropofágico se constrói a partir de seu posicionamento como leitor crítico da tradição, ou seja, a atitude antropofágica é oriunda do intenso hábito de leitura, que se articula posteriormente como reescrita capaz de promover o “apagamento das fontes” a partir da apropriação de outras vozes para que ocorra a penetração no discurso dominante.