Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
1999 |
Autor(a) principal: |
SANTOS, Sandoval Nonato Gomes
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Orientador(a): |
FIAD, Raquel Salek
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Estadual de Campinas
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada – PPGLA/UNICAMP
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Departamento: |
Instituto de Estudos da Linguagem – IEL/UNICAMP
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/9927
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Resumo: |
É proposta deste trabalho caracterizar os modos de relação dialógica que escreventes-alunos estabelecem com a linguagem em um evento particular de produção escolar da escrita- o evento "Recontando histórias". Essa caracterização é constituída pelo recurso que fazemos ao conceito de gênero discursivo, tal como abordado na reflexão bakhtiniana. Considerando, na esteira de Bakhtin, que, ao enunciarmos, estamos inseridos em gêneros discursivos que adquirem uma certa estabilidade em diferentes esferas da atividade humana, nossa tarefa, neste estudo, consiste, portanto, em compreender os modos de circulação dialógica dos escreventes pelos gêneros que adquirem um funcionamento particular na ocasião em que tais escreventes recontam histórias. Para tanto, nosso primeiro movimento consiste em estabelecer uma conceituação de gênero discursivo segundo uma perspectiva enunciativo-discursiva, o que permite que o tomemos como modo de organização do acontecimento enunciativo, plasmado em formas mais ou menos estáveis de enunciados. Em seguida, procedemos à caracterização do que denominamos evento "Recontando histórias" e dos gestos enunciativos de que se constitui, o que nos leva a uma decisão metodológica importante: dentre os gestos enunciativos constitutivos desse evento, centramos nosso interesse em dois: a) o atribuído ao professor, quando conta a história e quando tenta estabelecer o direcionamento que a atividade de recontar deve tomar - gesto organizado no gênero "instruções para a atividade de produção escrita" - e b) o gesto de recontar dos alunos, ocasião em que circulam tanto pelo gênero "instruções" quanto pelos gêneros, no caso particular deste nosso estudo, "contos de fadas" e "lendas". Finalmente, passamos à análise de um conjunto de trinta textos escritos por alunos de segunda série do ensino fundamental do Núcleo Pedagógico Integrado (NPI) - Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará (UFPA) - durante dois períodos letivos - 1995 e 1996. Apreender os gestos enunciativos indiciados nesses textos foi possível graças a um modo particular de abordar tais textos, definido nos limites do que tem sido denominado de paradigma indiciário. O método indiciário determinou não somente um modo particular de encarar as pistas lingüísticas, como também um modo de compreender a constituição do sujeito que reconta histórias. A análise dos textos nos permitiu confmnar a suposição de que não há razões para se postular uma delimitação absoluta entre os gêneros. O caráter de mistura que deles é constitutivo, além de trazer implicações em termos didáticopedagógicos, coloca questões relevantes do ponto de vista teórico-metodológico: não há como se crer na possibilidade de linearização absoluta, por meio de uma análise que se pretenda "objetiva", da heterogeneidade constitutiva dos enunciados da escrita infantil. Tanto o gesto de recontar dos alunos quanto o gesto teórico que o busca apreender podem ser tomados, portanto, como gestos interpretativos por excelência. |