Fome, privação e experiência: um estudo psicanalítico na clínica com crianças desnutridas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pinto, Paula Julianna Chaves
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/108832
Resumo: Essa tese tem como objetivo investigar as incidências psíquicas do quadro de desnutrição infantil por situação de fome, a partir de uma perspectiva psicanalítica. Esse propósito pôde ser alcançado pelo fato de pautar-se na compreensão da fome como a forma de subjetivação da desnutrição. Partimos da tentativa de avançar os conhecimentos sobre o assunto com duas principais vertentes de investigação: a metapsicologia freudiana sobre a experiência de satisfação e a teoria lacaniana sobre as modalidades de falta de objeto. A concepção freudiana sobre a experiência de satisfação foi o conceito que nos conduziu a investigar sobre a adoção do termo ¿experiência¿, iniciando uma incursão semântica sobre o termo na tentativa de compreender o sentido concreto que vive nele. Disso inferimos que a experiência é aquilo que leva em consideração os aspectos subjetivos que se ancoram nas bases da relação do sujeito com o Outro. A investigação sobre os primórdios da constituição psíquica nos conduziu ao referencial lacaniano das modalidades de falta de objeto, onde destacamos o tempo lógico da privação e a hipótese de construção da imago de uma mãe privadora como estratégia teórica. Em um segundo momento da tese, fornecemos os relatos de um trabalho de campo em uma instituição que atua no cuidado às crianças desnutridas e que nos permitiu inferir acerca da construção da imago materna que retornava no contexto transferencial e denunciava o fantasma ao qual a criança se via confrontada. Assim, como principal resultado, atestamos que a fome pode ser entendida como uma experiência primária, o que denota a compreensão sobre a maneira como a questão integrou-se na constituição psíquica da criança. Essa perspectiva incitou-nos na investigação dos sintomas apresentados pelas crianças como modalidades diferentes de defesa contra o real invasor, ampliando nossos conhecimentos sobre as possibilidades de um trabalho clínico com crianças desnutridas que possibilitasse uma simbolização da experiência de fome, na busca por um espaço de enunciação que pudesse fazê-las bem-dizer seu desejo. Palavras-chave: Psicanálise. Fome. Privação. Experiência. Constituição psíquica.