O lebenswelt (mundo vivido) da mulher-mãe na depressão pós-parto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Leandro, Caroline Eugênia Vasconcelos Cordeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/123988
Resumo: Segundo a World Health Organization (WHO), estima-se que cerca de 10-15% das mulheres sofrem de depressão durante ou depois da gravidez nos países desenvolvidos e este número aumenta para 20-40% nos países em desenvolvimento, sendo, dessa forma, um problema de saúde pública. A depressão pós-parto (DPP) é um fenômeno compreendido como um modo de ser global do sujeito, que está constituído por aspectos culturais, situacionais, políticos, biológicos e emocionais. Esta pesquisa tem como objetivo compreender e discutir o Lebenswelt (mundo vivido) da mulher-mãe na depressão pós-parto. A importância desse estudo, justifica-se pelo grande sofrimento a que estão submetidas essas mulheres que, cada vez mais, vivem a experiência da depressão pós-parto, bem como os impactos negativos sobre suas famílias. Foi realizado pesquisa qualitativa, utilizando-se o método fenomenológico crítico inspirado na Fenomenologia mundana de Merleau-Ponty, em que foram realizadas entrevistas individuais continuadas com sete mulheres, maiores de 18 anos, iniciando-se com a pergunta disparadora: A partir da sua experiência me fale como é ter depressão pós-parto. O acesso aos colaboradores foi realizado de duas formas. Uma parte eram pacientes da Psicomater indicadas por profissionais que as atendiam no serviço, sendo as entrevistas realizadas na própria Psicomater. Outra parte foi acessada a partir de indicações pelo método snowball (bola de neve) e os locais das entrevistas foram escolhidos pelos próprios colaboradores. A partir dos temas emergentes nas entrevistas foi elencado as seguintes categorias: A relação mãe-bebê e os sinais no corpo; ¿Um mundo preto e branco pra mim¿: um tempo que não passa, um espaço que sufoca; ¿Você não vai conseguir viver SEM ele... eu não sei como é que eu vou conseguir viver COM ele¿: culpa x sociedade; ¿Um amor encoberto por medo, angústia e insegurança¿; e A morte da condição de mulher. A experiência da depressão pós-parto é considerada pela maioria das entrevistadas como um fenômeno de difícil descrição, associado a um alto grau de sofrimento físico, psicológico e social, cuja manifestação inicial ocorre, principalmente na alteração na relação mãe-bebê e nos sinais no corpo. Os depoimentos dos colaboradores revelaram ainda que a postura e o ritmo corporal de tais mulheres são marcados pelo isolamento, pela lentidão e pela estagnação. O papel de mãe está carregado por um sentimento de despotencialização, de culpa que estabelecem uma barreira na sua relação com o outro, inclusive com o bebê. Concluímos que o mundo vivido da mulher-mãe na depressão pós-parto pode ser acessado a partir da compreensão das múltiplas possibilidades de ser do depressivo, as quais compõem o seu mundo vivido, e seu enraizamento em uma cultura marcada por exigências sociais no contexto da maternidade que contribuem para o aumento e manutenção desta experiência. Considerar o campo da intersubjetividade é reconhecer que não há um indivíduo que exista em si mesmo, não existindo consequentemente, a depressão pós-parto pura e isolada do mundo. Palavras-chave: Depressão pós-parto; Fenomenologia; Psicopatologia fenomenológica; Maternidade.