"Era como se eu estivesse caindo para trás na direção de minha mãe, da minha avó: transmissão psíquica na constituição da feminilidade"

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Borba, Maria Do Carmo Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/590759
Resumo: O lugar dos idosos na conjuntura das famílias têm sofrido profundas modificações. A maior expectativa de vida pode culminar no aumento do número de casos de coabitação, onde avós e até mesmo bisavós residem no mesmo domicílio que seus filhos e netos. Nessa conjuntura, os idosos são cada vez mais convocados como atores na criação de seus descendentes. É essencial pensar neste fenômeno a partir de marcadores interseccionais tais como gênero, classe e raça, que atuam como fatores decisivos na experiência de avós no contexto familiar brasileiro. O objeto dessa pesquisa se constrói a partir de uma escuta clínica guiada pela psicanálise em um entrelaçamento com a obra literária da escritora italiana Elena Ferrante. Analisa os efeitos psíquicos na construção da feminilidade para mulheres que tiveram avós como suporte parental na infância e adolescência e investiga os efeitos psíquicos da ausência da mãe e suporte da avó na transmissão psíquica da feminilidade. Tem como referencial teórico a teoria psicanalítica a partir de Freud, em suas contribuições sobre a sexualidade feminina, em Lacan ao tratar da inexistência d’A mulher como ser universal e contribuições de autoras contemporâneas tais como Malvine Zalcberg e Vera Iaconelli que se debruçam sobre o tema da maternidade. Também como referencial teórico são levadas em consideração as colaborações de psicanalistas contemporâneos como Tatiana Inglez-Mazzarella que estudam a transmissão psíquica transgeracional a partir de uma lente psicanalítica. Teve como método a pesquisa em psicanálise cujo objeto primordial é o inconsciente e fez uso das vinhetas clínicas de dois casos atendidos em consultório particular. Como resultado, obteve-se que a história da criança remonta à história dos pais e seus antecessores, sendo essa origem marcada no inconsciente desde o nascimento. O desamparo dos pais biológicos atuariam como impedimentos para que, diante da possibilidade de transmitir essa realidade aos filhos, os pais os abandonem. As causas do abandono podem ser múltiplas e devem ser compreendidas como tal. Reaver a história de mulheres que tiveram sua constituição psíquica marcada pela ausência da mãe é dar voz a esse testemunho que tanto interessa à clínica psicanalítica. É nesse contexto que a psicanálise tem sua atuação como dispositivo que põe luz em fenômenos culturais e subjetivos, elucidando novas concepções sobre o que chega aos consultórios e contribuindo para a produção de uma retificação subjetiva acerca da história da qual o sujeito foi marcado mas não aprisionado. Palavras-chave: Avosidade; Psicanálise; Elena Ferrante; Transmissão psíquica; Relação mãe e filha.