Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Motta, Marcio Adriano da |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/103707
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Resumo: |
Apesar de o uso do crack ter se propagado entre as distintas classes sociais, a associação entre ser pobre ou, mais ainda, estar em situação de rua e ser usuário é ainda hegemônica, principalmente pelo fato de seu uso ter se difundido inicialmente entre estes grupos, colaborando para exacerbar estigmas associados a esses grupos sociais. Vivem em condições de restrições de possibilidades de (re)inserção na sociedade, e que as ações que teriam como objetivo tirá-los dessa condição acabam por reforçar o estigma ligado ao usuário de crack, restringindo ainda mais as possibilidades e oportunidades deles. Ser usuário de crack pode ser o combustível para a construção social da humilhação, do desrespeito, marginalização e estigma, e mantendo-os presos às correntes de uma vida com poucas oportunidades. Buscamos compreender a situação vivenciada pelos homens usuários de crack em situação de rua, conhecer o mundo moral local onde se dão os rituais de uso, as formas de interação, os símbolos e os códigos que emergem e são construídos por estes homens; bem como, verificar a existência de cuidados com a saúde e a construção sociocultural do adoecimento. Optamos pela abordagem qualitativa, que é eficientemente aplicada a este estudo. O método etnográfico foi escolhido por permitir a compreensão da cultura de crack. A complexidade em torno do uso, abuso e dependência do crack evidenciou que toda e qualquer tentativa de compreensão que não vislumbre a conjuntura sociocultural em que o sujeito que utiliza o crack está inserido, pode ser reducionista e incorrer em erros de interpretação da realidade existente nas ruas e na vida dessas pessoas. O estudo permitiu entender que o início e a continuidade do uso do crack, estão para além do seu potencial físico-químico ativo, muito além do efeito que esta substância produz no organismo humano. Os valores sociais e os sentidos idiossincráticos atribuídos pelo usuário somam-se na construção da experiência do uso do crack. Pude constatar que existe uma consciência, por parte dos usuários de modo geral, que o crack é uma droga que destrói a pessoa em várias esferas da vida, que destrói vínculos familiares, estigmatiza, segrega e que causa grande dependência. No entanto, apesar de conhecer os seus malefícios os usuários continuam fazendo uso dessa substância, confirmando seu potencial de dependência, a dependência química. Afora os problemas físicos causados no organismo, a parte psíquica é sempre fortemente afetada, e mesmo que o usuário, por meio do tratamento consiga êxito no sentido de livrar-se da dependência, carregará as marcas trazidas pelo uso do crack, marcas indeléveis ? o estigma. Observando e vivenciando o contexto no qual está inserido o usuário de crack, se compreendeu melhor a representação de saúde e adoecimento que cada indivíduo apresenta e as diferentes maneiras de lidar com ela; possibilitando o entendimento dele como participante do contexto sociocultural e vislumbrando-o holisticamente, por meio da sua história de vida e da percepção da sua experiência diante do que lhe aflige. Finalizo insistindo na concepção que há muitos ganhos quando se passa a observar o mundo de dentro e de perto, isso nos permite observar interações e conexões entre os usuários de crack. Especialmente porque nos ajuda a expandir a visão sobre esse cenário e a deixar de estigmatizar o usuário e o seu mundo moral local, ou seja, deixando de vê-los em um ?mundo à parte? incrustado nas ruas e praças da cidade de Fortaleza. |