Tornar-se mulher: a experiência vivida na conjugalidade contemporânea sob uma perspectiva fenomenológico-existencial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Benevides, Rafaelle Fernanda Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/115145
Resumo: Esta investigação partiu do questionamento da experiência vivida de mulheres na conjugalidade contemporânea e no exercício da maternidade, tendo como objetivo compreender como elas experienciam os atuais papéis que assumem nessas relações e quais os sentidos que atribuem a essas vivências. A partir de uma perspectiva fenomenológicoexistencial baseada em conceitos legados pelo filósofo Jean-Paul Sartre, e das inestimáveis contribuições advindas dos estudos de Simone de Beauvoir sobre a situação da mulher, foi possível compreender como se desenvolve o projeto de ser das colaboradoras deste estudo, mulheres de classe média, casadas e com filhos, residentes em Fortaleza, Ceará. Foi através de conceitos como liberdade, situação e projeto de ser, que este estudo realizou uma análise sobre as práxis de mulheres que, mediante suas escolhas, reforçam e ao mesmo tempo oferecem resistência aos papéis a elas atribuídos, denotando a angústia expressa pela ambiguidade que marca seus discursos sobre o papel materno, sobre a dificuldade das responsabilidades domésticas e profissionais, e sobre a satisfação pessoal que o exercício de todos esses papéis acaba proporcionando a elas. O método utilizado para a coleta de dados foi a entrevista aberta com a pergunta disparadora ¿como é ser mulher?¿, que estabelece o foco da investigação sobre a experiência vivida das colaboradoras. Para a análise dos resultados foi utilizado o método Progressivo-Regressivo (Sartre, 1978). Foram considerados os aspectos sociais como a classe econômica e a cultura local que perpassam essas experiências e, a partir de uma análise regressiva e de uma síntese progressiva dos dados obtidos, foi possível compreender como esses fatores influenciaram as escolhas das mulheres em direção aos seus projetos de ser. As entrevistas foram realizadas individualmente com dez mulheres de classe média, casadas, que têm filhos e que realizam alguma atividade remunerada. Esta pesquisa revelou como as mulheres vivenciam a experiência conjugal na atualidade e como as responsabilidades dos papéis por elas assumidos na família modificam suas vidas. A maternidade, entre todas as experiências citadas, aparece como a mais transformadora, modificando profundamente o corpo, o tempo e a qualidade de vida dessas mulheres. A rivalidade entre mulheres aparece como preocupação, ao passo que o apoio mútuo entre mulheres aparece como necessidade atual para que consigam dar conta das responsabilidades decorrentes dos papéis que assumiram. O empoderamento feminino e o feminismo emergem como discussões ainda vagas e superficiais, que não parecem influenciar suas práxis, porém se apresentam para elas como questões que as fazem refletir sobre suas situações atuais. Em contraposição, o discurso naturalizante ainda é adotado por elas e influencia diretamente na forma como realizam suas atividades diárias e como compreendem suas responsabilidades e as de seus cônjuges na relação familiar e na distribuição das obrigações domésticas. Em suma, os resultados mostram que, mesmo com a instrução formal e a independência financeira das mulheres, os papéis femininos na conjugalidade têm sofrido poucas modificações com relação ao acúmulo de responsabilidades que recaem sobre elas. A crença em uma suposta natureza feminina perpassa a experiência vivida dessas mulheres na maternidade, na relação conjugal e no mercado de trabalho, indicando que ainda há diversos obstáculos à resolução dos problemas sociais que atravessam a história de vida dessas mulheres. Palavras-chave: mulher, projeto de ser, conjugalidade contemporânea, fenomenologia existencial.