Estudo investigativo dos afastamentos por transtornos mentais e comportamentais em uma instituição pública federal de educação profissional e tecnológica do estado do Ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Abreu, Francileudo Santos de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/124002
Resumo: O aumento da incidência dos transtornos mentais e comportamentais (TMC) relacionados ao trabalho tem apresentado estatísticas preocupantes. Essa expansão, além de levar ao reconhecimento de que se trata de um problema de Saúde Pública, também passou a ser objeto de preocupação governamental, devido aos elevados custos econômicos e sociais acarretados por essa problemática, sendo necessários estudos que avancem para além dos números, a fim de analisar os segmentos sociais de que fazem parte as pessoas que estão adoecendo. Este estudo tem como objetivo investigar os afastamentos por transtornos mentais e comportamentais em uma instituição pública federal de educação profissional e tecnológica do estado do Ceará. Foi realizado um estudo longitudinal (coorte retrospectiva), que traçou o perfil de afastamento dos servidores desde a sua admissão até 2018 (história ocupacional), sendo detalhado o perfil sociodemográfico e ocupacional dos trabalhadores e avaliadas as associações dessas variáveis com o desfecho de interesse (afastamento por TMC). Posteriormente, foi feita uma análise de sobrevida, em que se avaliou o efeito de fatores sociodemográficos e ocupacionais na ocorrência de afastamento precoce por TMC. Ocorreram 684 afastamentos por motivo de TMC, no período de 2010 a 2018, em 250 servidores, com uma taxa de incidência de 4,9%. Tais afastamentos resultaram em 22.409 dias perdidos de trabalho (DAW) e efeitos financeiros de aproximadamente R$ 6.845.220. Houve um aumento na quantidade de afastamentos, de dias perdidos de trabalho e da taxa de incidência de servidores afastados ao longo do período do estudo. O grupo dos transtornos do humor (F30-F39) da CID-10 foi a principal causa de afastamento por motivo de TMC (53,6%) e DAW (13.057), seguido dos transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o ¿stress¿ e transtornos somatoformes (F40-F48), com 37,8 % dos afastamentos e 6.389 DAW. As maiores incidências de servidores afastados foram nas cidades do interior do Ceará, sobretudo no campus de Baturité-CE (incidência de 26,3%). Houve associações positivas com a ocorrência de TMC nos seguintes grupos: Técnicos Administrativos em Administração (TAEs) que exerceram função, docentes com idade mais avançada e com tempo de serviço maior na instituição, TAEs com tempo de serviço menor (até 9 anos) e solteiros. A análise de sobrevida mostrou afastamento mais precoce nas seguintes categorias: servidores do interior, solteiros, faixa etária de 18 a 39 anos, com tempo de serviço na instituição menor (até 9 anos) e classe econômica A. Concluiu-se que fatores sociodemográficos e ocupacionais devem ser reconhecidos como contribuidores dos afastamentos do trabalho por TMC. Não obstante, considerando a multicausalidade dos TMC, recomenda-se a investigação de outros fatores possíveis de associação com o adoecimento e com o absenteísmo (hábitos e estilos de vida, as condições e organização de trabalho, os fatores organizacionais e psicossociais do trabalho). Como estratégia para enfrentamento do absenteísmo doença por TMC na instituição, sugere-se a promoção de ambientes de trabalho saudáveis, inspeções em locais de trabalho, o fortalecimento de um modelo de perícia médica e reabilitação profissional com interação entre o médico perito e a equipe multiprofissional e o desenvolvimento de programas de promoção em saúde do trabalhador.