Formação em fonoaudiologia: (re)pensar a perspectiva clínica a partir dos pressupostos da universidade promotora de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Lourinho, Lídia Andrade
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/106768
Resumo: A Integralidade, como diretriz constitucional e princípio orientador do SUS, é reconhecida na literatura como eixo estruturante do processo de atenção associada à efetividade e à eficiência de intervenções e à qualidade dos serviços. Para que as intervenções em Fonoaudiologia aconteçam com eficiência e eficácia faz-se necessário reconhecer a importância da formação em saúde do fonoaudiólogo com vistas ao atendimento na saúde pública/coletiva. O objetivo geral desta pesquisa foi compreender como os pressupostos do debate contemporâneo sobre a formação do fonoaudiólogo e a sua interlocução com a Saúde Coletiva estão sendo incorporados pelos estudantes de Fonoaudiologia do Estado do Ceará. Como desdobramentos específicos do objetivo geral propomos: investigar a construção do sentido de atendimento integral e da Promoção da Saúde na constituição dos saberes e práticas dos alunos de graduação em Fonoaudiologia das instituições formadoras; apreender o significado da formação com ênfase na saúde coletiva para os docentes e discentes dos cursos de graduação em fonoaudiologia, identificar que clínica está sendo trabalhada nos referidos cursos; analisar o envolvimento das instituições de Ensino Superior no processo de formação levando em consideração o modelo de saúde pública vigente no País. O espaço de observação desta pesquisa compreendeu as instituições que formam os profissionais de Fonoaudiologia nos Estado do Ceará. A concepção metodológica desta investigação se inseriu na abordagem qualitativa, alinhando-se ao enfoque crítico-reflexivo, visto que concebe a intersecção da subjetividade com a objetividade de forma dialética. Para a coleta dos dados, foram realizadas entrevistas em profundidade e grupos focais. O tratamento do material empírico foi conduzido pelos pressupostos da Hermenêutica Dialética. Os resultados desta pesquisa confirmam que, mesmo diante das mudanças estabelecidas pela legislação e normas que apontam novas responsabilidades em relação a educação na saúde e vários movimentos políticos institucionais no sentido de atender as necessidades em saúde, ainda é predominante, nas instituições formadoras, os modelos tradicionais de formação que tem como foco o modelo de profissões que favoreçam as formas de ensino centradas no diagnóstico padrão da clínica individualizada e fragmentada, com o aporte nos procedimentos técnicos e com ênfase nos aspectos biológicos do processo saúde-doença. Para dar conta do maior desafio para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) que tem sido a mudança dos modelos de atenção, o que inclui a transformação nos modos de produzir a gestão e o cuidado, que inclui a mudança da formação dos profissionais de saúde, é mudar as práticas educacionais nos cursos de saúde, e o professor é a peça chave para vencer os desafios da formação. No que se refere às práticas de ensino, verificamos a utilização sobretudo de metodologias de ensino que privilegiam a transmissão e a memorização de conhecimentos e que limitam a aprendizagem. As mudanças nas práticas de ensino na saúde vão auxiliar no reconhecimento dos usuários como construtores ativos de sua saúde, condutores de desejos e saberes, além de necessidades. Tal reconhecimento é necessário para a construção compartilhada dos projetos terapêuticos e das negociações densas que são necessárias para a construção desses projetos, considerando o trabalho multiprofissional e intersetorial como relevante para o enfrentamento do atual perfil demográfico e epidemiológico da população brasileira. Conclui-se que, por certo, não parece ser possível mudar o modelo de formação sem interferir simultaneamente no modelo de ensino-aprendizagem, na forma de pensar e agir de docentes e discentes. Os processos de mudança vão se tornando mais complexos na medida em que os diferentes discursos se materializam para além das possibilidades de se construir uma clínica ampliada, uma nova formar de cuidar. Tais discursos, ainda bastante engessados no modelo tradicional de ensinar e aprender, precisam ser transformados no que se refere as especificidades educacionais, aos tensionamentos existentes nas relações de poder, na complexidade das relações entre as instituições de ensino e de saúde, na diversidade dos atores envolvidos no processo de formação, nas diferentes culturas, nos enfrentamentos que transcendem o espaço do particular e alcançam o espaço coletivo, na presença de uma universidade, com seus respectivos cursos e projetos pedagógicos, ajustando seu discurso institucional com o discurso das políticas públicas, e no estreitamento dos seus laços com a comunidade. Nesse tipo de ambiente a Promoção da Saúde pode crescer, se desenvolver e gerar frutos.