"Iracemas" e "Martins" na terra do sol: os casos de amor romântico entre mulheres cearenses e homens europeus na contemporaneidade

• Ano de defesa: 2008
• Autor(a) principal: Sales, Maria Iracema Moreira
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Palavras-chave em Português: Relações de gênero; Amor; Subjetividade
• Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/88627

O presente trabalho discute como são construídas as relações afetivo-sexuais entre mulheres cearenses e homens europeus na contemporaneidade, tendo como amostra mulheres da cidade de Fortaleza. Como pano de fundo, utilizo o livro ?Iracema - Lenda do Ceará? (1865-2006), escrito pelo romancista cearense José de Alencar, no qual o autor narra a história de amor vivida entre uma índia chamada Iracema, da tribo Tabajara, que se apaixona pelo colonizador português Martins Soares Moreno, chamado no romance de ?guerreiro branco?. No texto, denomino as mulheres de ?Iracemas?, e os homens de ?guerreiros brancos? ou ?Martins?. Para discutir e analisar tais relações, que envolvem aspectos simbólicos e elementos como sedução e desejo, paixão, além de estarem permeadas por preconceitos, questões econômicas e valores culturais, optei por uma pesquisa essencialmente qualitativa e de base fenomenológica crítica mundana, baseada na fenomenologia de Merleau-Ponty. Os dados empíricos da pesquisa foram coletados através de entrevistas com oito mulheres, na faixa etária compreendida entre 27 e 43 anos, a partir da seguinte pergunta disparadora: ?como você conheceu o seu namorado ou companheiro??. Como achado da pesquisa foi possível constatar que as mulheres entrevistadas conservam traços do amor romântico, como o desejo de casar e formar uma família, nem que para isso tenham que abrir mão de uma profissionalização e passem a viver apenas dos afazeres domésticos. O desejo de viver uma relação com um homem estrangeiro que, no primeiro momento, o principal elemento a impulsionar é o econômico, também faz com que, algumas, aceitem ficar com o parceiro mesmo sem estar apaixonadas, afirmando que o amor virá depois com a convivência. O encantamento com o estrangeiro, no caso, o homem europeu, o faz percebê-lo como um modelo ideal de parceiro, desde o aspecto físico, passando pelos subjetivos. Outro traço marcante a permear o discurso das mulheres entrevistadas é o desejo de ir embora de Fortaleza, dando a estas relações uma visão de um tipo de amor dinâmico e transgressor, não no sentido de amor paixão, mas de que através de uma troca, que acontece no universo do simbólico, seja conseguir uma transformação na vida dessas mulheres marcadas pela dureza do dia-a-dia. Elas buscam, ainda, nestas relações, um certo encantamento para suas vidas, que passa tanto pelo universo simbólico, através das trocas afetivas, quanto pelo consumo que também marcam esses relacionamentos. Palavras-chave: amor, subjetividade, sexualidade, relações de gênero.