O lado duro da vida fácil a exploração sexual de meninas adolescentes da periferia de Fortaleza-CE e o resgate da cidadania

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Costa, Nhandeyjara de Carvalho
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/69823
Resumo: A exploração sexual infanto-juvenil é um problema mundial que utiliza crianças e adolescentes para fins prostituidores e lucrativos, transformando-as em meras mercadorias, ceifando os sonhos de crianças que são obrigadas a se tornarem mulheres precocemente e roubando-lhes a dignidade humana. Este estudo teve como objetivo geral: compreender o significado de ser menina adolescente e viver em situação de prostituição num bairro da periferia da cidade de Fortaleza-CE. São objetivos específicos: 1) investigar os problemas percebidos, sentidos e vividos pelas adolescentes, os quais influenciam nas suas vidas no contexto local em que estão inseridas; 2) identificar competências para a promoção de uma vida sexual saudável; 3) subsidiar estratégias educativas que ?empoderem? (empower) as adolescentes para a promoção da saúde, através da educação e prevenção. O estudo é de caráter descritivo, com abordagem qualitativa e embasado em pressupostos da Antropologia Interpretativa. Os locais do estudo foram: o Bairro Vicente Pízon - conhecido popularmente como Serviluz - onde foram aplicadas as entrevistas semi-estruturadas, a avenida Beira-Mar e farol do Porto do Mucuripe, onde se realizou a observação livre sobre o problema em foco. O período de coleta de dados correspondeu aos meses de agosto a novembro de 2004. Os sujeitos foram oito meninas adolescentes de treze a dezessete anos de idade que viviam a realidade da prostituição e que concordaram, de livre e espontânea vontade, em participar do estudo. Os dados foram analisados a partir do referencial teórico proposto por Bardin ? análise temática ? tomando como pano de fundo conhecimentos teóricos sobre Antropologia Interpretativa e outros já trabalhados na revisão de literatura. Os resultados revelaram que todas as informantes possuíam histórias de vida marcadas por dor, sofrimento e perdas frente a uma realidade que abriga ao mesmo tempo a pobreza da favela e o luxo da av. Beira-Mar. Não há causa única, mas uma multiplicidade de fatores que empurram e seduzem as adolescentes para a vida na rua como, por exemplo, a estrutura familiar abalada, a mãe prostituta, a necessidade financeira e, por outro lado, a influencia da amiga, o trabalho na rua e a sedução dos anúncios de jornal que procuram garotas. A perda da virgindade foi citada como uma experiência amorosa e um ritual de passagem para a prostituição. Ao contrário do que a sociedade imagina, a vida na prostituição não e fácil e as adolescentes estão expostas a todo tipo de violência, desde espancamentos até a real tentativa de morte pelos fregueses. Aliada à necessidade financeira, há uma relação de poder e dominação do freguês sobre a garota que a impede de praticar o sexo seguro. Frente à vida que levam, as informantes manifestaram baixa auto-estima e desenvolveram mecanismos de autoproteção. Enfim, elas não se percebem como pecas de um jogo de poder e dinheiro, que é o mercado do sexo. Entende-se que somente a partir de uma tomada de consciência de si mesmas como seres pensantes e ativos no mundo em que vivem, é que as meninas terão condições de exercer sua cidadania e reaver a dignidade que a vida na prostituição lhes roubou. Assim, deve haver uma ação educativa e emancipadora por parte do governo e sociedade civil, cada um com sua parcela de responsabilidade social pelo problema.