Autonomia profissional de enfermeiros: um estudo a partir de incidentes críticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Ferreira, Mara Aguiar
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/104566
Resumo: A enfermagem compõe expressivo contingente da força de trabalho em saúde no Brasil. Trata-se de grupo profissional amplamente distribuído e que vem ocupando importante espaço no contexto público e privado da saúde, nos diversos âmbitos da assistência. Com a ampliação dos espaços de atuação e das contribuições do campo, a área vem discutindo cada vez mais questões ligadas ao seu objeto de estudo, entraves para uma maior inserção política e ampliação da sua contribuição social, entre outras. Uma análise da literatura pertinente a essas temáticas evidenciou a existência de vasto número de estudos que problematizam a questão da autonomia profissional, assinalando-a como direito e elemento fundamental para a consolidação da enfermagem. Contudo, a maioria das pesquisas aborda o tema a partir da percepção dos enfermeiros, que a consideram um fenômeno em vias de consolidação. Com base no exposto, esta tese ancora-se nos estudos sobre autonomia profissional e no aparato teórico da clínica da atividade a fim de compreender como a autonomia profissional é vivenciada por enfermeiros, a partir do estudo de casos concretos de seu cotidiano de trabalho. Os dados necessários à sua concretização foram obtidos mediante o desenvolvimento de uma pesquisa de cunho descritivo, exploratório e qualitativo, articulando dois estudos, o primeiro realizado por meio de entrevistas semiestruturadas, baseadas no Método de Decisões Críticas, e o segundo a partir da utilização da Técnica de Confrontações por Pares, inspirada na abordagem da Clínica da Atividade que, posteriormente foram organizados e submetidos à análise de conteúdo temática. Dentre os principais resultados obteve-se que a precarização das condições de trabalho constitui fator que afeta a atividade do enfermeiro, enrijecendo o gênero profissional, restringindo o estilo, diminuindo seu poder de agir e a possibilidade de utilização da catacrese. Verificou-se que a falta de apropriação do conhecimento configura aspecto desfavorável para a edificação da autonomia. Constatou-se nos enfermeiros um movimento dicotômico que, se por um lado assinala o seu desejo de autonomia, manifesto pelos posicionamentos de descontentamento frente a práticas e situações que denotam submissão, por outro revela sua inércia na busca por mudanças, a acomodação diante da atualização do conhecimento e a ausência de implicação com a postura de responsabilidade que a condição autônoma enseja. Desse modo, inferiu-se que os enfermeiros não fazem uso máximo das prescrições postuladas pelos dispositivos trabalhistas, legais e de classe e que, notavelmente, o real da sua atividade apresenta-se mais restrito que o trabalho prescrito, no que se refere a práticas autônomas. Assim, o enfermeiro, para vivenciar a autonomia na concretude do seu cotidiano, precisa, para além de lidar com desafios do cenário externo, rever posicionamentos do gênero que remetem à abdicação do trabalho prescrito e à renúncia ao poder de agir em prol de uma atividade ampliada em termos de práticas independentes e auto resolutivas. Palavras-chave: autonomia profissional, enfermagem, trabalho, saúde.