A influência de fatores nutricionais na resposta ao teste de Montenegro, em indivíduos vacinados anti leishmaniose tegumentar americana.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Araújo, Alexandra Paiva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, Universidade Federal de Ouro Preto.
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.repositorio.ufop.br/handle/123456789/2485
Resumo: A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença crônica causada por espécies do gênero Leishmania e altamente prevalente em regiões tropicais e subtropicais do mundo. No Brasil, é considerada altamente endêmica, com uma incidência de 40.000 casos em 2002 (Desjeux, 2004). Uma vacina composta por promastigotas mortas de Leishmania (Leishmania) amazonensis foi desenvolvida por Mayrink e colaboradores e é, atualmente, uma das possibilidades que se tem para a prevenção da LTA. No entanto esta tem apresentado uma baixa imunogenicidade quando avaliada pelo Teste de Montenegro (TM), com aproximadamente 20 a 30% de não conversão do TM em indivíduos após vacinação. Vários fatores poderiam estar relacionados a esta baixa conversão do TM. Dentre estes, fatores nutricionais como os elementos traço (cobre, ferro, selênio e zinco) apresentam uma relação com a resposta imunológica, tanto pela necessidade destes para a proliferação e maturação das células do sistema imune, quanto da mudança de seus níveis séricos em processos inflamatórios e infecciosos. Diante destes dados e da não existência de estudos sobre a influência desses elementos traço na resposta imunológica humana induzida pela vacina anti-LTA, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre fatores nutricionais e a resposta ao TM em indivíduos vacinados anti-LTA. O estudo foi realizado em uma subamostra (n = 172) de um ensaio comunitário para avaliação da eficácia da vacina anti-LTA, na microrregião de Caratinga, Minas Gerais. Dois grupos foram selecionados para participarem deste ensaio experimental mascarado, a partir da resposta ao TM, definido por uma enduração maior ou igual a 5 mm, 48 horas após sua aplicação. Um grupo foi composto por indivíduos que apresentaram TM negativo (n = 97) e outro por indivíduos que apresentaram TM positivo (n = 75). De todos os participantes foram obtidos dados antropométricos e amostras sanguínea. A determinação dos níveis séricos de cobre, ferro e zinco foram realizadas por espectrometria de emissão por plasma indutivamente acoplado (ICP-OES) e o selênio por espectrometria de absorção atômica com gerador de hidretos acoplado ao sistema de injeção de fluxos (FI- HGAAS), as análises laboratoriais foram realizadas uma área limpa classe ISO 7 em capelas e módulos de fluxo laminar ISO 5, utilizando-se métodos validados. A partir dos dados laboratoriais os indivíduos foram divididos em grupos com níveis séricos baixos (G0), normais (GI) e elevados (GII) de cobre, ferro, selênio e zinco de acordo com seus valores de referência. Para fins de análise estatística o diâmetro do TM foi categorizado em negativo e o grupo do TM positivo foi subdividido em 5 a 8 mm; 8,1 a 9 mm; 9,1 a 12 mm e > 12,0 mm. O diâmetro do TM apresentou valores médios de 10,347 ± 4,64 mm (média ± DP) entre os indivíduos TM positivos. Os níveis séricos médios e o desvio padrão observados foram de 1.433,7 ± 665,7 µg/L para o cobre, 1.431,6 ± 791,5 µg/ L para o ferro, 88,6 ± 39,0 µg/ L para o selênio e 999,2 ± 366 µg/ L para o zinco. O log do diâmetro do TM foi significativamente maior (p=0,021) no GII (0,66 ± 0,53) para o selênio quando comparado ao GI (0,38 ± 0,51) e significativamente menor (p=0,033) para o GII do zinco (0,23 ± 0,43) em relação ao GI (0,48 ± 0,53). Já para o cobre e o ferro não foi observada diferença significativa do diâmetro do TM entre GI e GII. Quanto a avaliação dos níveis séricos dos elementos traços por quartis do diâmetro do TM somente o selênio apresentou uma relação significativa (p=0,019), com um aumento dos níveis séricos de selênio do terceiro ao quinto quartil. Níveis séricos elevados de zinco estão relacionados a uma baixa resposta a vacina anti-LTA, avaliada pelo Teste de Montenegro, ao contrário de cobre e ferro que não apresentaram associação com a resposta ao TM entre os indivíduos vacinados anti-LTA. Níveis séricos elevados de selênio estão associados a um maior diâmetro do TM, evidenciando uma melhor resposta imune celular induzida pela vacina anti-LTA. Este estudo indica a importância da suplementação com selênio em ensaios vacinais para a avaliação da imunogenicidade da vacina, avaliada pelo TM, além da necessidade de se ajustar análises de eficácia vacinal segundo os níveis séricos de selênio.