| Resumo: |
Estima-se que 90% da emissão anual de Compostos Orgânicos Voláteis para a atmosfera é de origem biogênica (COVBs). Os COVBs funcionam como um “combustível” que mantém em funcionamento a fotoquímica oxidativa nos processos atmosféricos (KOPPMANN, 2007). Os recentes estudos sobre a química atmosférica em florestas tropicais demonstram que a caracterização dos compostos orgânicos é desafiada pelas dificuldades de medidas e análises. Isto ocorre devido as dificuldades na implementação de uma logística para pesquisas no centro das florestas, bem como a alta variabilidade e reatividade de gases e partículas químicas orgânicas emitidas pela vegetação para a atmosfera. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi medir a concentração e os fluxos de COVBs em uma floresta primária na Floresta Nacional do Tapajós em tempo real. A área em estudo localiza-se na base de pesquisas do km 67 da Rodovia Cuiabá-Santarém. A campanha ocorreu no mês de junho de 2014, correspondente ao período de transição entre as duas estações predominantes na região: chuvosa e seca. Foram aplicados os métodos de razão de mistura e a covariância dos vórtices turbulentos (Eddy Covariance – EC). Utilizou-se para essas medidas, pela primeira vez em uma floresta tropical amazônica, um analisador de massas por transferência de próton e tempo de voo (PTR-TOF-MS, sigla em inglês), que, devido a sua alta resolução, consegue identificar compostos na atmosfera em nível pptv, bem como possibilita separar íons isobáricos. Foram identificados 51 compostos de carbono no intervalo de massa de íons protonados de 33,034 a 137,132. Por serem compostos predominantes do metabolismo das plantas, o foco nas análises de turbulência foram os terpenóides isopreno (massa 69) e monoterpenos (massa 137). As médias das concentrações diárias foram 1.4 ppbv para isopreno e 0.18 ppbv para monoterpenos, com máximas de 4.1 ppbv para isopreno e 0.55 ppbv para monoterpenos. Ocorreu expressiva emissão de monoterpenos em relação a proporção de isopreno, com máxima 1,4959 mg.m-2.h-1, o que correspondeu a um terço da emissão de isopreno (4,3854 mg.m-2.h-1). As variáveis meteorológicas mais significativas para emissão dos COVBs foram temperatura, fluxo do calor sensível e velocidade de fricção do vento. Com isso, os dados apresentados nesta pesquisa para a região em estudo expressaram a importância do fluxo turbulento como fator determinante para a interação biosfera-atmosfera. |
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