A SURDEZ NA ALDEIA: ANÁLISE DE UMA REALIDADE À LUZ DA TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: CUNHA, Bárbara Almeida da
Orientador(a): CAVALCANTE, Eleny Brandão
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Instituto de CIências da Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/629
Resumo: Esta dissertação vincula-se ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (GEPES) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Tem como objetivo geral analisar o processo de ensino e aprendizagem de criança indígena surda do ensino fundamental, em escola indígena localizada no município de Santarém-PA. Dele desdobram-se os objetivos específicos: a) verificar como a atual legislação municipal para a educação indígena e o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola indígena atende às necessidades educacionais do aluno indígena surdo, fundamentada na Teoria Histórico-Cultural; b) analisar o meio escolar do aluno indígena surdo para seu processo de humanização; e, c) avaliar as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores do aluno surdo para a sua inclusão e seu processo de escolarização. Para tanto, utilizo as ideias da Teoria Histórico-Cultural sobre a formação do homem, principalmente os conceitos de mediação, meio e zona de desenvolvimento próximo de L. S. Vygotski (1997; 2018a; 2018b). No que se refere à dimensão metodológica utilizo-me das proposições desenvolvidas na etnografia como a descrição densa, observação participativa, entrevistas e análise de documentos (ANDRÉ, 2012). Lanço mão da observação em sala de aula, diário de campo e entrevistas semiestruturadas realizadas com os quatro professores que trabalham com o aluno indígena surdo, a mãe do estudante, a diretora e a pedagoga da escola. Além disso, a análise dos dados produzidos em campo foi realizada em três categorias: Inclusão (CARVALHO, 2010), Meio Escolar (VYGOTSKI, 2018a; 2018b) e Prática Docente (SAVIANI, 2009a; 2009b). Como resultados, em relação à categoria Inclusão percebeu-se que a escola indígena não está devidamente qualificada para atender as necessidades educacionais do aluno indígena surdo. Na categoria Meio Escolar, identifiquei que apesar da aceitação da criança indígena surda no espaço escolar e de uma relação social amigável e harmoniosa entre indígena surdo com os professores e colegas ouvintes, a comunicação entre estes sujeitos se dá de maneira rudimentar, pois não existe no meio escolar a presença de intérprete de língua de sinais e do instrutor surdo. Além disso, a língua de sinais não possui uma presença marcante neste espaço sendo pouco utilizada. No que se refere à categoria Prática Docente, verificou-se que os professores não utilizam práticas pedagógicas eficientes para o trabalho com aluno surdo, pois durante as aulas existe o predomínio da fala oral, não utilizam qualquer recurso para tornar a aula mais acessível e, além disso, não adotam uma teoria orientadora o que dificulta a escolarização e a inclusão do aluno indígena surdo. Concluo que o resultado final desta investigação poderá ser utilizado como fundamentação para outras pesquisas na área da educação de indígenas surdos, bem como servir de subsídio pedagógico para orientar pais e professores de pessoas surdas com o intuído de os mesmos perceberem o que potencializa, ou não, o processo de ensino e aprendizagem de estudantes indígenas surdos em diferentes disciplinas. Por fim, pondero que a relevância deste estudo está na possibilidade de avançar na reflexão sobre os processos de escolarização da pessoa surda em contexto diferenciado.