Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Mariana Esteves de |
Orientador(a): |
Borges, Maria Celma,
Oliveira, Vitor Wagner Neto de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Link de acesso: |
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2802
|
Resumo: |
O objeto desta tese é o processo de precarização do trabalho docente na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo nos últimos sessenta anos, com ênfase nas duas últimas décadas. Para compreendê-lo, além da pesquisa teórico bibliográfica, entrevistamos 128 professores vinculados à SEE-SP, na cidade de Andradina, por meio de questionários estruturados que possibilitaram descortinar o cenário precarizado do trabalho docente. Ainda, entrevistamos três professores aposentados que revelaram, oralmente, suas experiências face às categorias utilizadas, dando à pesquisa maior profundidade temporal e subjetiva. No plano teórico, fomos motivados pela hipótese de que a ausência do professor como sujeito na historiografia do trabalho, perpetuada pelo distanciamento da prática docente à própria ideia de trabalho, constitui um problema que dificulta uma percepção identitária crítica, bem como sua organização docente no bojo da luta trabalhista, isto é, na luta de classes. Do ponto de vista empírico, a princípio, observamos a desvalorização salarial, a ampliação das jornadas e a recorrência dos contratos temporários na Secretaria, vislumbrando um cenário material marcado pelo empobrecimento, pela intensificação do trabalho e pela instabilidade. Na sequência, somamos a estes elementos históricos, os recursos mais recentes da SEE-SP que têm agravado o processo de precarização, como o avaliacionismo e a política de bonificação por resultados, observando que muitas vezes a fragmentação intencional operada pelo sistema não encontra ampla ressonância entre a categoria, já que a mesma demonstrou ter consciência dos objetivos da Secretaria nesta seara. Após observarmos os elementos que concorrem para a precarização do trabalho docente, analisamos três das suas consequências. Primeiro, o adoecimento docente, observado por meio das recorrentes licenças-saúde e pelos inúmeros relatos que expressam a estafa e o esgotamento físico e emocional dos professores. Segundo, a violência que permeia o ambiente escolar, fazendo a categoria como refém de situações que estão para além de uma universalização da violência ordinária, porque também se manifesta na indisciplina e no descontrole social dentro de escolas que, por sua vez, tem visto a substituição dos agentes escolares por seguranças patrimoniais terceirizados. Em terceiro lugar, observamos a crise da mobilização e resistência docente, causada pela reiterada perspectiva individualista que a política neoliberal espirra a conta-gotas, diariamente, na sociedade, além das formas de repressão com que tratam os professores em situações de luta coletiva, ora com violência física e humilhações de toda sorte, ora com a asfixia material dos cortes salariais em greves docentes. Finalmente, por compreendermos que o fazer-se dos sujeitos não se limita às condições materiais objetivas, mas também ao protagonismo e à subjetividade, abrimos a pesquisa para a escuta docente em suas dimensões de aporte cultural, moral, dos valores, sentidos e significados acerca da docência e da escola, perquirindo os sentimentos docentes face à precarização. Com isso, ainda observamos que o trabalho docente está prenhe de idealizações de cunho missionário, vocacional e romântico, o que concorre tanto para manter o distanciamento da docência com o trabalho, quanto para agravar a precarização experimentada pelos sujeitos, uma vez que aumenta a distância entre consciência e realidade, gerando mais frustração e sofrimento docente. |