As Conquistas do Assentamento Santa Clara em Bataguassu/MS: a Luta pela Educação no/do Campo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Freitas, Waldélia Neves Dutra de
Orientador(a): Marcos, Valéria de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1661
Resumo: Temos, no Brasil, a hegemonia de uma educação ideológica, produto de um Estado capitalista, que se constitui em um processo de dominação da elite para reprodução/manutenção da sociedade classista, a qual possibilita a reprodução da ideologia neoliberal contribuindo para manutenção do status quo dos detentores do poder. Essa estrutura faz com que o valor da força de trabalho seja subestimado, drenando riqueza aos donos do poder e tornando a classe trabalhadora subalterna, ou seja, submissa para que ocorra o acúmulo do capital. Com a abertura política em 1985, após o fim da ditadura militar, intensificou-se a organização dos movimentos sociais, culminando na conquista da terra, que suscitou a necessidade de uma educação que contemplasse a população do campo, a qual necessitava de escolarização para fortalecer a luta por seus direitos. É, portanto, visando romper com esta ideologia da dominação e subalternidade que, a partir dos anos 1990, surge, junto aos movimentos sociais do campo, a necessidade de luta por uma educação que supere o modelo até então oferecido no Brasil, cuja tônica era a da manutenção do status quo, em especial no campo. Esta luta se constituiu no paradigma da Educação do Campo. De acordo com Fernandes (2009, p.141), este movimento se consolidou em um conceito criado com a preocupação de se demarcar um território teórico que defenda o direito dos sujeitos do campo em pensar o mundo a partir do lugar onde vivem, ou seja, a partir de sua realidade. Neste entendimento, o estudo teve como objetivo compreender o processo de construção da educação proposta pelos movimentos sociais do campo, a partir do estudo da Escola Municipal do Campo Maria da Conceição Gomes da Silva, localizada no assentamento Santa Clara, no município de Bataguassu/MS. Especificamente, foram definidos os seguintes objetivos para nortear a realização desse estudo: caracterizar aspectos socioespaciais e econômicos da estrutura fundiária nas escalas estadual e municipal e na comunidade assentada, visando compreender o contexto de reprodução desta realidade e seus desdobramentos na educação oferecida no campo; contextualizar os processos de luta para constituição deste novo paradigma da educação nos âmbitos nacional, estadual e municipal, buscando estabelecer parâmetros para subsidiar as análises acerca da educação proposta pelos movimentos sociais do campo; investigar a educação oferecida na escola municipal Maria da Conceição da Silva Gomes do assentamento Santa Clara/MS, confrontando-a com as diretrizes de educação no campo propostas pelos movimentos sociais do campo no sentido de compreender os caminhos e descaminhos deste processo no que se refere ao encontro da teoria com a realidade. Para atingir os objetivos desse estudo, recorreu-se a técnicas qualitativas, procedendo-se à realização de entrevistas com roteiros semi-estruturados e aplicadas junto aos educadores, educandos e assentados do projeto Santa Clara. Embora se tenha priorizado a escola para o entendimento da educação, também foi incluída a comunidade, ou seja, o espaço de vivência do educando, pois é neste âmbito que estes adquirem os conhecimentos derivados do senso comum que influenciam na concepção educativa construída para o campo. Cabe ressaltar que a Educação do Campo emerge como alternativa do campesinato para minimizar os problemas enfrentados pelos camponeses no seu espaço de vivência, buscando, através da educação, subsidiar o processo de luta contra a territorialização do capital no campo e evitar a sujeição da renda da terra ao capital, o que deixa os camponeses em situação de subalternidade. Portanto, a pesquisa buscou evidenciar os avanços e entraves que impossibilitam a implementação dessa educação como aquela idealizada pelos movimentos sociais, com o objetivo de transformar a realidade vivenciada pelo campo em busca de uma menor desigualdade social, um novo projeto de sociedade para o campo.