Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Alves, Ledilene Saucedo |
Orientador(a): |
Albuquerque, Nelson Rufino de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2001
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Resumo: |
Na bacia do Rio Paraguai, a Serra do Amolar representa uma das áreas mais preservadas e menos inventariadas do Pantanal, com uma grande lacuna de conhecimento para muitos grupos biológicos. Poucos estudos têm sido conduzidos nessa região, para verificar, por exemplo, as interações entre os anfíbios anuros e os fatores que possibilitam a coexistência das espécies. Na Reserva Particular do Patrimônio Natural Engenheiro Eliezer Batista (RPPN EEB) são comumente encontradas duas espécies de rãs da família Leptodactylidae, Leptodactylus chaquensis e L. podicipinus, espécies abundantes em áreas abertas do Pantanal e Planaltos de entorno. Este trabalho teve como objetivos estudar o hábito alimentar e a bilogia reprodutiva de L.chaquensis e L. podicipinus na RPPN EEB (18°05'26" S; 57°28'29" O), na Serra do Amolar, Corumbá, MS. Foram realizadas coletas mensais, de novembro de 2011 a outubro de 2012. A captura foi realizada manualmente, por busca ativa limitada por tempo, entre 18:00 e 22:00 h, durante os períodos de cheia e seca do Pantanal. Em laboratório, foi tomada a medida do comprimento rostro-cloacal (CRC) de todos os espécimes capturados. Os hábitos alimentares das espécies foram descritos por meio da identificação dos conteúdos alimentares dos adultos. Os itens alimentares foram identificados sob microscópio estereoscópico até a menor categoria taxonômica possível, quantificados e medidos. O volume dos itens alimentares consumidos foi calculado por meio da fórmula do volume do elipsóide. A condição reprodutiva foi determinada com base no exame das gônadas e da morfologia externa dos machos. O esforço reprodutivo foi medido como a porcentagem da massa da gônada/massa do corpo e o efeito do tamanho do corpo (CRC e massa) sobre o N e volume de itens ingeridos e sobre a massa das gônadas e fecundidade foi verificado por meio de regressões lineares simples. Além disso, os efeitos dos fatores abióticos (temperatura e umidade relativa do ar) sob o número de indivíduos coletados, foram verificados utilizando-se o coeficiente de correlação de Spearman (rs). Dos 40 estômagos analisados de L. chaquensis, 25% (10) estavam vazios ou em processo avançado de digestão. No período de cheia, a presa mais abundante foi Lepidoptera (N% = 34,09) e Orthoptera apresentou maior IVI (24,29%) devido à sua maior contribuição volumétrica; na seca, todas as presas ocorreram com a mesma abundância e Anura foi a presa que apresentou maior IVI (39,86%). Em 62 estômagos analisados de L. podicipinus, 32,25% (20) estavam vazios, em processo avançado de digestão ou continham material vegetal. A presa mais abundante e com maior IVI durante a cheia foi Lepidoptera (N% = 38,70; IVI = 33,71%); na seca, Homoptera (N% = 22,72) foi o item mais abundante e Hemiptera apresentou maior IVI (40,16%). O CRC não foi correlacionado com o número e nem com o volume dos itens alimentares. Não houve diferenças significativas na dieta de machos e fêmeas de L. chaquensis e L. podicipinus, entretanto as fêmeas consumiram um número maior de presas. Não houve correlação entre o número de indivíduos coletados mensalmente de ambas as espécies com as variáveis abióticas. O pico de atividade das espécies estudadas ocorreu em horários diferenciados, L. chaquensis foi mais ativo entre 19:00 e 21:00 h, enquanto L. podicipinus entre 18:00-19:00 h e 20:00-21:00 horas. Leptodactylus chaquensis e L. podicipinus reproduziram-se durante todos os meses do estudo. A média do número de ovócitos por desova para fêmeas de L. chaquensis foi maior no período de cheia (8040,0 ovócitos ± 4105,0) e para fêmeas de L. podicipinus foi maior no período de seca (3237,0 ± 1384,0). Machos e fêmeas de L. chaquensis investiram mais em gônadas e houve um maior esforço reprodutivo por parte das fêmeas de ambas as espécies. Houve diferenças significativas no CRC e na massa do corpo de machos e fêmeas de L. chaquensis, os machos foram maiores e mais pesados. Em relação L. podicipinus, as fêmeas foram maiores do que os machos, entretanto os machos foram mais pesados. Para fêmeas de L. chaquensis o CRC e a massa corporal explicaram as variações da massa do ovário. Para os machos, foram positivas as correlações entre CRC e massa dos testículos, massa do corpo e massa dos testículos. Para fêmeas de L. podicipinus, foi positiva a relação entre CRC e massa do ovário. Para machos, somente houve correlação entre CRC e massa dos testículos. Concluindo, não houve diferenças significativas nos tipos de presas consumidas por L. chaquensis e L. podicipinus durante os períodos de cheia e seca nesta área estudada do Pantanal Sul-Mato-Grossense e a reprodução contínua das espécies ocorreu, provavelemente, devido à disponibilidade do ambiente aquático permanente ao longo do ano, apesar da sazonalidade em relação aos períodos de inundações do Pantanal. Nossos dados indicam ausência de interações competitivas relacionadas à utilização de recursos alimentares, provavelmente, devido às diferenças nos horários de forrageio ou a grande disponibilidade de presas no ambiente. Além disso, parece não haver competição por sítios reprodutivos devido ao pico reprodutivo das espécies ocorrer em períodos diferentes. Todas essas diferenças constituem importantes fatores para explicar a coexistência destas espécies na área estudada. |