Características clínicas e epidemiológicas de pacientes submetidos à diálise peritoneal em Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Oliveira, Letícia Cândida de
Orientador(a): Silva, Maria da Graça da, Souza, Albert Schiaveto de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2857
Resumo: Introdução: A Doença Renal Crônica Terminal (DRCT) tornou-se problema de saúde pública no Brasil e em todo o mundo. A diálise peritoneal (DP) oferece maior autonomia, menores efeitos adversos comuns durante a hemodiálise (HD) e diminuição de custos. No entanto, é uma terapia pouco utilizada, estando mais de 90% dos nefropatas em utilização da HD. Poucos estudos têm sido realizados sobre a situação da população em DP e as razões para baixa utilização. Sendo assim, esta pesquisa objetiva caracterizar a clientela submetida à DP em Mato Grosso do Sul; elencar os fatores que influenciam na escolha desta modalidade de terapia renal substitutiva (TRS) e propor um modelo de programa de orientações para pessoas com diagnóstico médico de DRCT. Material e Método: a pesquisa foi realizada em cinco instituições do estado que oferecem a DP, e os participantes responderam a questionários através de entrevistas realizadas pessoalmente e exclusivamente, onde foram abordados sobre aspectos sociodemográficos, clínicos, detalhes do tratamento e suas percepções sobre a terapia. Os dados foram analisados com estatística descritiva e apresentados em figuras e tabelas. A avaliação da associação: a) entre o grau de escolaridade e o aparecimento de complicações; b) entre o tratamento conservador e a primeira terapia utilizada; c) entre se recebeu informações sobre DP antes do início do tratamento e a primeira terapia utilizada; e d) entre o tipo de tratamento utilizado e o nível de satisfação em relação ao tratamento, foi realizada por meio do teste do qui-quadrado. Resultados: Foram entrevistadas setenta pessoas, sendo 61,4% pertencente a uma única instituição. As características sociodemográficas mostram que 51,4% pertencem ao sexo masculino e 48,6% ao sexo feminino; a faixa etária corresponde a 30-59 anos, com média de idade de 55,17 anos; predominam a raça branca (53,9%); casados (54,3%); fora do mercado de trabalho (87,1%); aposentados (57,1%); de baixa escolaridade (42,9%); com renda mensal entre 1 e 4 salários mínimos (82,9%); residentes no mesmo município do serviço de nefrologia (54,3%). A etiologia mais frequente (55,7%) entre os participantes foi a hipertensão arterial sistêmica (HAS), seguida de diabetes mellitus (DM) com 42,9%. A cardiopatia foi a comorbidade mais mencionada (21,4%); e os sintomas no início do tratamento foram: edema (64,3%), fraqueza (44,3%) e náuseas e vômitos (37,1%). Em relação às características do tratamento dialítico, apenas 25,7% dos diagnósticos de DRCT foram feitos por médicos da atenção básica. Para 62,9% da amostra não houve a oportunidade tratamento conservador (TTC). Não houve associação entre a primeira terapia utilizada e a realização ou não do TTC (valor de p=0,087). Em relação as características da terapia, 80% da amostra encontra-se em diálise peritoneal automatizada (DPA), e 68,6% negam complicações com a terapia. Não houve associação entre a escolaridade e o aparecimento de complicações. Os participantes em DP relatam nenhuma dificuldade (37,1%) e insegurança inicial (14,3%). Houve associação significativa entre a satisfação e a terapia utilizada, sendo percentual de pacientes que se declararam muito satisfeitos com a diálise peritoneal foi significativamente maior do que o daqueles submetidos à hemodiálise (57,1% versus 4,3%). Conclusões: O conhecimento das características desta população específica pode ser útil para a melhor utilização da terapia. Os dados sugerem a necessidade de melhorar a qualidade do atendimento desde o serviço primário e de intervenções rigorosas no âmbito da educação pré diálise, propondo a construção de modelos de orientações aos pacientes para fortalecer sua autonomia, e a consequente satisfação e qualidade de vida. Além disso, o fortalecimento da terapia de DP estaria contribuindo para a diminuição de gastos do Estado e trazendo benefícios clínicos, além dos pessoais, aos clientes, bem como fortalecendo a atuação do enfermeiro nefrologista em seu papel de educador em saúde.