Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Soto, Maria das Graças Rojas |
Orientador(a): |
Cunha, Rivaldo Venâncio da,
Reis, Cássia Barbosa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2548
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Resumo: |
Com o objetivo de compreender o papel da dinâmica familiar no consumo do crack, realizamos um estudo exploratório, de natureza qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas, com 20 familiares de usuários de crack cadastrados no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) de Ponta Porã/ MS, em amostragem por conveniência. Os dados foram analisados e tabulados seguindo o método do Discurso do Sujeito Coletivo, fundamentado na Teoria das Representações Sociais. A maioria dos dependentes químicos do estudo provém de famílias reconstituídas e, por sua vez, constroem núcleos de tipologia nuclear e estendida. As famílias trazem heranças de relacionamentos mal resolvidos e hábitos de consumo de substâncias psicoativas e agressões que ressurgem a cada novo arranjo familiar estabelecido. A despersonificação dos membros em favor do grupo, a indiferenciação da família que impossibilita a autonomia, a cultura do silêncio sobre os conflitos que leva à não resolução destes, a filosofia do terror para assegurar o seu lugar no grupo, o distanciamento das próprias necessidades afetivas que conduz ao adormecimento destas, a aridez de emoções positivas que vai desbotando a alma, o anseio de atenção que faz com que toda agressão seja aceita porque, afinal, lhes confere existência, os sonhos e planos que, se um dia existiram, morreram – são todos aspectos desenvolvidos no seio destas famílias que, diante de tantas carências e incoerências, veem no crack uma experiência que pode vir a trazer esse mesmo prazer ambíguo que bem conhecem. Todos os entrevistados relataram vivências de perdas por abandono, morte ou negligência, e violência física ou psicológica, na infância ou adolescência, anterior ao consumo do crack. União e reunião, estar perto e pertencer, foram palavras amplamente usadas nas entrevistas para descrever o que a família tem de bom ou o que ela deseja ter porque considera bom. As pessoas do grupo familiar convivem cotidianamente com sentimentos ambivalentes, agem provocando o contrário do que gostariam, estabelecem limites dúbios e indefinidos, têm na violência um modo de comunicação e na contradição, a fala do grupo. O aprendizado do modo ineficaz de realizar trocas afetivas reflete na forma de aproximação do crack, desmedida e inadequada. A dinâmica familiar disfuncional possui um papel fundamental no início e manutenção do uso da droga. |