Fronteira e fronteiriços: a construção das relações sociais e culturais entre brasileiros e paraguaios (1954-2014)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Baller, Leandro
Orientador(a): Leite, Eudes Fernando
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2531
Resumo: A tese objetiva adentrar o mundo das fronteiras a partir da percepção sociocultural, analisando como as pessoas vivificam seus afazeres, trazendo consigo a condição de fronteiriço atribuída pelas representações sociais da situação de fronteira em que eles se encontram, seja temporário ou permanente. Tratamos aqui da fronteira entre Brasil e Paraguai, no espaço que compreende o leste paraguaio, na altura dos Departamentos de Alto Paraná e Canindeyú, que possui como limite com o Brasil o reservatório do Lago Internacional de Itaipu, anteriormente rio Paraná. O recorte temporal é estabelecido entre os anos de 1954 e 2014, sem perder de vista vetores que se destacaram desde outros séculos e são constituintes da ambiência dessa fronteira. Analisamos questões que mostram a pluralidade histórico-social rural no Paraguai, em grande medida promovida por brasileiros; a partir disso evidenciamos a construção da fronteira e a inclusão de atores históricos, como os brasiguaios, apontando para o exercício de suas práticas e discursos na disputa entre a memória e a identidade do grupo que promoveu a transposição da fronteira entre os dois países. A coexistência social na fronteira surge com um viés importante tanto nas ações quanto nas representações dos sujeitos, e como eles compõem o espaço da fronteira tornando-a uma zona de contato, ou seja, fronteiriços que constroem fronteira. Por outro lado, destacamos o êxodo rural no Paraná, pois o êxodo viabilizou para as pessoas que saíam do Brasil a busca pela terra no Paraguai, e na historicidade desse processo vão produzir uma nova face de configuração do país vizinho com a propagação do agronegócio. As áreas rurais são locais de intensa sociabilidade e a fronteira revela que não há apenas integração, mas o predomínio sociocultural de grupos majoritários sobre os minoritários com os fronteiriços produzindo relações societárias, como por exemplo, de estabelecidos e outsiders. A operacionalização das relações apontou para a desnaturalização da fronteira entre o que o Estado dispõe e o que a sociedade exerce nesse espaço. Para a construção das análises desses temas dispomos de fontes de diferentes tipologias, tais como da imprensa escrita, com os jornais, entrevistas, estatísticas, e leis. Metodologicamente trabalhamos com o rigor crítico sobre a fonte e epistemologicamente com a construção de uma relação dialética entre as diferentes tipologias. Concluímos que as relações de trabalho, os lugares de moradia, e as experiências de vida que se produzem nesse espaço, resultam da prática social cotidiana que ilustra a vida das pessoas nesse local que se apresenta de forma fluída e palmilhada, a fronteira é uma ambiência que atua entre o fluxo natural e as intensas formas de resistências que se dão no local. As relações entre brasileiros e paraguaios no ambiente de fronteira são construídas em meio às relações de aproximações e afastamentos, marcado por um amplo trânsito de pessoas. As possibilidades de perspectivas múltiplas fizeram do trabalho de pesquisa e de escrita dessa história uma constante relação dialética em todos os componentes epistemológicos que se apresentaram para o estudo.