Hérib Campos Cervera: luto e melancolia na literatura paraguaia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Gomes, Álvaro José dos Santos
Orientador(a): Enedino, Wagner Corsino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1966
Resumo: A melancolia tem suscitado significativos debates teóricos no âmbito da psiquiatria e psicanálise. No meio social, segundo a Organização Mundial da Saúde, ela é uma patologia que afeta grande parte da população, sendo considerada por muitos especialistas como o mal do século. Os primeiros registros da melancolia são encontrados há 2500 anos, entre os gregos, na Ilíada de Homero, na teoria de Humores de Hipócrates e no tratado sobre a melancolia de Aristóteles. Com efeito, o interesse e objetivo de investigação partiu dos estados melancólicos das personagens verificados quando da análise da peça teatral Juan Hachero: una crónica dramática en un prólogo, tres jornadas y un epílogo do poeta e dramaturgo paraguaio Hérib Campos Cervera, assim como das poesias produzidas em razão dos contextos de perdas vivenciados pelo o autor. Nesse sentido, na presente dissertação, realizamos uma leitura comparativa da melancolia mimetizada no texto dramatúrgico e poético de Hérib Campos Cervera, à luz da teoria freudiana (2006) sobre luto e melancolia. Nesse estudo, consideramos, assim como Coutinho (1978) que literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Com o propósito de verificar tal relação, nosso estudo centrou-se nos pressupostos teóricos da crítica biográfica (Souza, 2002, 2009, 2011), a fim de compreender o espaço biográfico o qual o autor estava inserido. Na mesma medida em que os conceitos sobre arquivo e memória balizaram-se nos estudos do filósofo Jacques Derrida (2001) com o propósito de sistematizar e compreender os arquivos cerverianos analisados. Não menos importante, os estudos sobre fronteira e subalternidade com ênfase na literatura paraguaia contribuíram significativamente para a compreensão da produção de Campos Cervera no contexto da crítica literária paraguaia. Por conseguinte, os trabalhos de Renata Pallottini (1983, 1988) nortearam os estudos dramatúrgicos e contribuíram decisivamente para compreender a configuração entre a criação das personagens e o contexto do teatro enquanto representação social. Constatamos, ao fim da pesquisa, que na produção de Hérib Campos Cervera há uma relação simbólica entre o luto e melancolia, fruto dos eventos históricos vivenciados pelo poeta, marcados, sobretudo, por perdas, como a morte dos pais na infância, a execução de amigos na ditadura militar e o exílio, deixando marcas em Cervera de um processo de luto sempre inacabado, contribuindo para que o quadro de melancolia fosse uma constante em sua vida e obra. A pesquisa revelou ainda que as escolhas dos temas, narrativas, paisagens, composição de personagens, diálogos, ambiente e encenação estão vinculadas a uma estética melancólica, posto que as palavras-chave comuns na produção de Cervera foram, a saber: morte, luto, melancolia, cal, sal, cinza, escuridão, sangre, exílio.