Estudos sobre leishmaniose visceral humana e canina no município de Campo Grande, MS, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Brazuna, Julia Cristina Maksoud
Orientador(a): Oliveira, Ana Lúcia Lyrio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/1865
Resumo: No Brasil as leishmanioses caracterizam-se como enfermidades emergentes e reemergentes em franca expansão. Os objetivos deste estudo foram descrever o perfil epidemiológico dos pacientes notificados, verificar o efeito do uso de coleiras impregnadas com deltametrina a 4% em um programa de controle da Leishmaniose Visceral (LV) na redução da incidência canina e identificar relação da distribuição espacial dos casos caninos com os casos humanos de LV. O estudo foi realizado em Campo Grande, MS, utilizando-se informações de casos humanos de LV notificados e autóctones obtidas nas Fichas de Notificação do Sistema Nacional de Agravos de Notificação. Os casos de LV canina e o registro do uso da coleira foram obtidos no Sistema de Informações de Controle da LV mantido pelo Centro de Controle de Zoonoses. Realizou-se um estudo de coorte acompanhando dois grupos de cães com mais de quatro meses de idade, sendo um que não recebeu a coleira e outro que recebeu a coleira a partir do início da avaliação em 2007 permanecendo encoleirado de forma ininterrupta até o término da avaliação em 2009. Foi avaliada por georreferencia uma área de aproximadamente 70.686m2 com formato circular de raio igual a 150m em torno da residência de cada caso humano. A ocorrência da LV nos indivíduos do sexo masculino foi significativamente maior (p<0,0001) do que nos do sexo feminino. Essa superioridade na frequência de notificações em homens associou-se à idade (p<0,0001), sendo mais intensa nos indivíduos com 40 anos ou mais. A incidência da leishmaniose nos animais que participaram do estudo de coorte foi de 33,72%, com menor (p<0,0001) incidência da doença no grupo de cães que usaram a coleira impregnada com deltametrina a 4%. Os cães que participaram desse estudo eram, em sua maioria, de pequeno ou médio porte, que tiveram uma incidência de leishmaniose significativamente (p<0,05) menor do que os de grande porte apenas no grupo de animais que usavam a coleira. Das 101 áreas avaliadas na área em torno do caso humano em duas delas no ano de 2008 e em cinco delas no ano de 2009 não se registrou nenhum cão positivo para LV. Em 2009 a presença do vetor Lutzomyia longipalpis ocorreu em todo Município. A correlação entre a ocorrência de casos humanos e a densidade de casos de LV canina nas diferentes regiões do Município foi alta e significativa. Também houve correlação significativa entre a ocorrência de casos humanos e a ocorrência média de LV canina, em torno da residência dos casos humanos nas diferentes regiões urbanas. Casos de LV em humanos e em cães ocorrem em todas as regiões urbanas Campo Grande. Embora não haja tendência de aumento nem de redução na incidência da doença à medida que a idade dos indivíduos aumenta, a superioridade na incidência em homens é maior em de pessoas com 40 anos ou mais. O uso de coleiras impregnadas com deltametrina a 4% em programas de controle da leishmaniose que incluem a eutanásia de cães soropositivos, borrifação residual com inseticidas, manejo ambiental e ações de educação e saúde para a população, reduz o risco da doença em cães. O risco de adquirir a doença é maior em cães de grande porte em relação aos cães de médio ou pequeno porte, quando utilizam a coleira impregnada com deltametrina a 4%. Casos de LV em humanos ocorrem em regiões de todos os níveis socioeconômicos no Município. A transmissão da LV em humanos pode ocorrer também em local distante de sua residência. A densidade de casos caninos de LV na região e em torno da residência são fatores de risco importantes para a ocorrência da doença em humanos.