Nas entrelinhas do espaço: o grotesco e o sagrado em Terra sonâmbula, de Mia Couto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Suziane Carla Fonseca Brugnara
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/ECAP-84HHWT
Resumo: O tema desta dissertação é o espaço do grotesco e do sagrado no livro Terra Sonâmbula, do autor moçambicano Mia Couto. A escolha de tal temática deve-se à proeminência que esta categoria teórica tem assumido nos últimos anos, e principalmente em decorrência das várias possibilidades de leitura deste romance no contexto das literaturas africanas de língua portuguesa. As duas vertentes escolhidas engendram, ainda que em tensão, uma concepção integrada do espaço na narrativa. Ou seja, tanto o grotesco quanto o sagrado são avaliados como pontos de articulação do espaço de representação em Terra Sonâmbula. Neste estudo, o grotesco foi tomado em suas características essenciais de um tipo de arte que séculos antes revelou a imbricação entre vida e morte, a mistura dos reinos, a ultrapassagem das fronteiras corporais, a presença do estranho e do absurdo, além de outros aspectos, para depois apresentar-se como profícuo fenômeno na literatura em geral. O grotesco é localizado a partir da obra de autores como Mikhail Bakhtin, Wolfgang Kayser e Mary Russo. Já o sagrado aparece nesta dissertação sob o viés dos rituais, mitos e símbolos associados aos costumes e tradições do povo moçambicano (ficcionalizados por Mia Couto), à luz das concepções teóricas de autores como Mircea Eliade, René Girard, Julia Kristeva, entre outros. Tudo perpassado por variada fortuna crítica do autor moçambicano, que perfaz um caminho sedimentado no que se convencionou chamar literaturas pós-coloniais. Ressalte-se que, nos estudos contemporâneos em geral, o espaço apresenta-se como categoria epistemológica essencial na reflexão tanto de fenômenos relacionados às chamadas literaturas das margens quanto daquelas literaturas produzidas fora do eixo hegemônico - nomeadamente Europa e Estados Unidos - e que correspondem a uma enunciação que se coloca criticamente face à cristalização do cânone ocidental. Deste modo, e no cerne dos Estudos Culturais, as literaturas africanas de língua portuguesa encenam este espaço de reelaboração das posições etnocêntricas, para possibilitar a inserção de saberes que extrapassam as fronteiras nacionais e propõem um novo olhar sobre as diferenças culturais, tão evidentes nas configurações étnico-sociais da atualidade.