Professoras ouvintes de alunos surdos no AEE: entrelaçamentos entre a libras e a subjetividade dos surdos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Elayne Cristina Rocha Dias
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAE - FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Programa de Pós-Graduação em Educação - Conhecimento e Inclusão Social
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/75886
Resumo: O presente estudo consiste em compreender o uso da Libras pelas professoras ouvintes do ensino de Português como segunda língua e a construção da subjetividade dos alunos surdos no Ensino Fundamental do Município de Teresina, Piauí, no contexto do Ensino Remoto Emergencial,na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), durante o ensino do Português como segunda língua na modalidade escrita. Para tal, tem-se como referência autores dos campos da história, política e conceitos teórico-metodológicos da Psicologia Histórico-Cultural, as bases para a compreensão do desenvolvimento humano e da Etnografia em Educação. Realizou-seuma pesquisa com perspectiva etnográfica, em duas escolas, por meio da observação participante na sala de (AEE); foi feita a aplicação de entrevistas do tipo abertas com duas professoras de AEE; uma tradutora/intérprete de Libras (atuando voluntariamente), dois alunos surdos, matriculados no 2º e 9º ano e suas respectivas mães, a fim de realizarmos uma análise constrastiva entre os processos de constituição das subjetividades de Narciso e Jacinto. Assim, defendemos a tese de que o processo de constituição das subjetividades de Narciso e Jacinto é social,singular e situado nos contextos culturais escolares e familiares. As evidências nos levam a concluir que Jacinto e Narciso expressaram a constituição de suas subjetividades com olhares diferenciados para a realidade educacional do ERE atribuindo sentidos e significados partindo ora do uso da Língua de Sinais (Jacinto) e ora do uso da oralização (Narciso), refratando suas preferências e desejos. Assim, Narciso vivencia uma cultura familiar voltada para o oral, sem uso da Língua de Sinais, e essas práticas de letramentos, por meio do Português, são expressas na escola pela professora Clívia, respeitando a opção familiar. Diferenciando-se de Jacinto, que em casa, diariamente, as práticas de letramentos foram realizadas pelo envio dos cadernos de atividades no grupo de WhatsApp, com o uso da Libras. A família de Jacinto e Narciso apresentaram práticas culturais, permitindo vivências coletivas com todos que residem juntos na casa. As escolas Flor e Girassol trazem regras próprias de convívio e trabalho no espaço escolar, atividades de ensino queora permitiram a criação de algo novo nas mentes dos alunos e ora não, ou seja, a unidade [instrução-desenvolvimento] que fez uso da Libras no caso das práticas escolares na sala de Jacinto mostrou maior avanço no desenvolvimento dele do que no desenvolvimento de Narciso. Pensamos que o uso da linguagem do Português, oralizada, pode ter sido um dos fatores de não avanço do desenvolvimento de Narciso, ao não lhe possibilitar a compreensão dos conceitos estudados. Compreendemos que o homem não é a soma de suas partes, mas o encontro de suas partes em uma unidade dialética, que corresponde a [afeto/cognição social situada/culturas/linguagens em uso] – (ACCL), homem que se constitui como um ser social que constrói sua individuação, sua subjetividade nas e pelas relações sociais, discursivamente. Isto reforça a defesa que fazemos da importância do uso da Libras nesse processo para os alunos surdos.