Comportamento da proteína c reativa e duração da terapia antimicrobiana em pacientes oncológicos com infecção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Guilherme Monteiro de Barros
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - Infectologia e Medicina Tropical
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/49645
Resumo: Introdução: A maior predisposição a infecções assim como a possibilidade de pior resposta ao tratamento pode levar ao uso excessivo de antimicrobianos em pacientes com câncer. A proteína C reativa (PCR) têm ganhado destaque como ferramenta para monitorização da resposta terapêutica e redução do tempo de antibioticoterapia, entretanto ainda é pouco estudada em população de pacientes oncológicos. A nossa hipótese é a de que pacientes oncológicos com boa resposta à terapia antibiótica apresentam queda mais rápida dos níveis séricos de PCR, o que permitiria identificar candidatos a tratamentos mais curtos. Objetivo: Avaliar o comportamento dos níveis séricos de PCR em pacientes oncológicos adultos em uso de terapia antibiótica e sua associação com a duração da terapia antibiótica, resposta terapêutica e outros desfechos clínicos e microbiológicos de interesse. Métodos: Estudo retrospectivo conduzido com pacientes oncológicos internados em centro de referência para alta complexidade. Foram incluídos adultos (idade ≥18 anos), internados entre setembro de 2018 e dezembro de 2019, submetidos a pelo menos um curso de antibioticoterapia para tratamento de infecção bacteriana, suspeita ou confirmada. Foram coletados dados clínicos e laboratoriais nos primeiros sete dias de uso de antibiótico, incluindo os níveis séricos de PCR e formação de grupos de acordo com comportamento do biomarcador e tempo de antibioticoterapia. O comportamento da PCR foi classificado como: i) boa resposta: quando valor da PCR ao longo do seguimento atingiu 40% ou menos do valor de pico detectado nas primeiras 48h de tratamento ou queda contínua da PCR mais lenta, porém atingindo menos de 80% do pico. ii) má resposta: manutenção ao longo do seguimento de valor de PCR > 80% do valor de pico nas primeiras 48h ou queda inicial para < 80% em relação ao valor de pico seguida de novo aumento > 80%. Também foram avaliados a duração do curso de antibioticoterapia (até sete dias ou acima disso). Os desfechos primários foram avaliados ao longo de 30 dias de internação ou até a alta hospitalar: i) óbito por qualquer causa; ii) recorrência clínica da infecção índice; iii) persistência de positividade em culturas; iv) resposta terapêutica. Como desfechos secundários, avaliou-se i) Colite associada ao Clostridioides. difficile; ii) isolamento de bactérias multirresistentes, seja em amostra clínica ou de vigilância; iii) duração da internação; Resultados: A análise final compreendeu 215 pacientes, com média de idade (DP) de 57,8 (13,7) e predomínio do sexo feminino (64%), hipertensos (35%), tabagistas (20,9%) e diabéticos (17,7%). Observou-se menor mortalidade em 30 dias no grupo de boa resposta da PCR (43,8% vs 12,6%; p <0,001) bem como maior frequência de resposta terapêutica favorável (83,4 vs 35,9; p=0,038) quando comparados ao de má resposta deste marcador. Também foi observada menor proporção de recorrência clínica no grupo de boa resposta (17,2% vs 7,3%; p 0,046). Apesar de tendência de menor ocorrência dos demais desfechos primários e secundários no grupo de boa resposta, estas diferenças não foram estatisticamente significativas. Conclusão: Dentre os pacientes oncológicos infectados com boa resposta da PCR durante a terapia antibiótica houve menor mortalidade e maior proporção de resposta terapêutica satisfatória. A PCR pode ser uma ferramenta útil quando aliada a outras informações clínicas na otimização do tempo de tratamento antimicrobiano em população oncológica hospitalizada.