Gênero e o contexto acadêmico contábil: percepções sobre a discriminação na trajetória das mulheres em instituições de ensino superior brasileiras
Ano de defesa: | 2020 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil FACE - FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS Programa de Pós-graduação em Controladoria e Contabilidade UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/33501 |
Resumo: | Este estudo teve como objetivo geral buscar evidências que permitissem analisar as percepções das(os) discentes e das(os) docentes, dos cursos de pós-graduação stricto sensu em Contabilidade de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas brasileiras, sobre a discriminação de gênero na trajetória das mulheres no ambiente acadêmico. A plataforma teórica discutiu a questão de gênero, a interseccionalidade, os fenômenos teto de vidro e penhasco de vidro, estereótipos de gênero, a formação e a trajetória das mulheres na ciência, e por fim, as especificidades da área contábil. Para atender aos objetivos, o proceder metodológico incluiu etapas quantitativas e qualitativas que consistiram em entrevistas e na aplicação de um questionário. A amostra analisada foi de 314 respondentes que preencheram o questionário, entre estudantes e docentes dos programas de pós-graduação stricto sensu em Contabilidade de IES públicas do Brasil, além de uma mestranda, uma doutoranda e seis professoras de duas IES, que foram entrevistadas. Por meio das entrevistas, foi possível identificar as categorias de análise: os percalços, os motivos para prosseguir e a (in)existência de apoio no âmbito acadêmico; o isolamento, a exclusão, a invisibilidade no âmbito acadêmico e o mansplaining; “brincadeiras”, os comentários sexuais, a atenção e os avanços indesejados no meio universitário; a carreira acadêmica de mulheres e homens sob diferentes perspectivas; a importância da representatividade; a participação (des)equilibrada de mulheres e homens nos processos de decisão, em cargos de gestão e liderança; e a conjuntura em que as mulheres assumem cargos de poder nas universidades. Percebeu-se a dificuldade em detectar o fenômeno penhasco de vidro devido à necessidade de informações detalhadas sobre a eleição ou a indicação para cargos administrativos nas universidades. Sobre a técnica quantitativa de análise, ela foi realizada por intermédio da aplicação de um questionário composto por três partes - perfil da(o) respondente; assertivas para pontuação segundo uma escala; e por último, campo aberto para relatos das(os) respondentes de casos de discriminação de gênero durante a trajetória acadêmica. Com base no questionário, caracterizou-se o perfil da amostra e a partir das pontuações obtidas pelas assertivas, em geral, os resultados demonstraram diferentes percepções por parte de discentes do gênero feminino e masculino; os achados também apontaram a mesma tendência de percepção por parte de docentes do gênero feminino e masculino; e a comparação entre os grupos de discentes e de docentes mostrou que as assertivas foram quase igualmente divididas entre as que demonstraram opiniões coincidentes e diferentes. Recepcionou-se 206 respostas para o campo aberto do questionário, cerca de 70% das(os) respondentes apontaram que não presenciaram casos de discriminação de gênero durante a trajetória acadêmica. Alguns relatos retomaram aspectos abordados nas entrevistas, tais como ausência de mulheres em cargos de gestão dentro das universidades; agressividade no trato voltado às mulheres acadêmicas; comentários sexistas como “brincadeiras”; situações de manterrupting; e discriminação quanto à orientação sexual. Foi possível perceber a naturalização da desigualdade de gênero e o modo como afeta as mulheres e os homens que se fazem alheios ao problema, pois muitos discursos notadamente demonstraram a naturalização das desigualdades e de seus efeitos perniciosos, num contexto cultural machista, patriarcal e racista. |