Quadrilátero ferrífero, psicologia e os desastres de rompimentos de barragens de rejeitos em Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Lucas Furiati de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/77588
Resumo: Este trabalho tem por objetivo mapear e analisar o campo de conhecimento e as práticas produzidas por psicólogas(os) que atuam em conflitos envolvendo desastres de rompimentos de barragens de rejeitos decorrentes da exploração mineral. Pretende-se analisar as narrativas e experiências dessas(es) profissionais, que trabalham nos contextos derivados dos desastres de rompimento de barragens nas no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, sugerindo possibilidades de avanços teóricos e práticos que priorizem experiências de atingimentos negligenciadas, sobrepostas e inviabilizadas na busca por reconhecimento, garantia e proteção de direitos. Trata-se de uma pesquisa-participante, que tem como pressuposto os processos dialógicos contínuos entre pesquisador e participantes da pesquisa, colocados ao longo do processo de investigação como sujeitos vivos. As estratégias metodológicas adotadas foram a revisão de literatura de estudos sobre contextos afetados por desastres socioambientais decorrentes de rompimentos de barragens de rejeitos oriundos de atividades minerais e entrevista semiestruturada, realizada com pesquisadoras(es) e profissionais da Psicologia que atuam no Quadrilátero Ferrífero de Minas Geais. A abordagem da Análise Temática foi empregada para a tratamento das informações e dados obtidos pelas entrevistas, técnica que permitiu identificar temas emergentes e padrões recorrentes de significância nas narrativas das(os) psicólogas(os) entrevistadas(os). Propõe-se o diálogo teórico entre a Ecologia Política, a Psicologia Social Feminista e Crítica, e o Pensamento Crítico de Fronteira. Esse diálogo permitiu redefinir e abranger ideias de cidadania, democracia, direitos humanos e relações econômicas, utilizando formas alternativas de compreensão e conhecimento. Ainda, desafia as definições impostas pela modernidade europeia e explora formas alternativas de exercer o poder e de existir. Por meio deste estudo, apresentado no formato de três artigos, é possível compreender que a atuação de psicólogas(os) envolvidas(os) em conflitos socioambientais frequentemente se dá em interface com os sistemas de justiça nacional e internacional. Sendo assim, é importante a reflexão sobre como se dão as manifestações de poder que orbitam em torno dos procedimentos e dos processos de reparação, mitigação e recuperação, tanto individuais quanto coletivos, das(os) atingidas(os) por desastres de rompimento de barragens de rejeitos. Para além de uma atuação mais tradicional por parte da Psicologia, oferecendo acolhimento e contribuindo para processos de nomeação do sofrimento psíquico, as(os) psicólogas(os) podem e devem contribuir na ampliação da percepção das vulnerabilidades sociais e ambientais presentes em um determinado território. Assim, a Psicologia Social contribui para trazer à tona as múltiplas subjetividades das populações atingidas pelos rompimentos das barragens de rejeitos, a fim de formular normativas, políticas públicas, projetos e ações em prol da garantia, proteção e efetivação de direitos, ressaltando, ainda, que os direitos dessa população passam, invariavelmente, pelo território, uma vez que seus sentidos e significados se revelam na dimensão do local.