Ao toque da vista, ao alcance da imagem : arqueologia de fotografias históricas da Antártica
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil FAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Antropologia UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/52904 |
Resumo: | Essa pesquisa propõe a análise experimental de fotografias históricas antárticas, engajando a arqueologia como dispositivo de observação em difração ao realismo agencial de Karen Barad e à filosofia da fotografia de Vilem Flusser. Tais imagens se fizeram mais comuns com as expedições científico-exploratórias, a partir de 1890, tornando-se as propositoras populares de um continente de acesso restrito, que se mantém basicamente virtualizado à parte majoritária da população mundial. Da perspectiva arqueológica, há nos coletivos de fotografias vestígios de ocupações humanas e evidências de configurações que nos permitem compreender atividades ou funções exercidas em contextos específicos. O quadro teórico permite propor, entretanto, que o interesse arqueológico irradia do estado da matéria (“a fotografia”) à configuração da observação (“o fazer a imagem”), emergindo um novo objeto de análise, a imagem-fenômeno. Proponho que em tais coletivos, cada fotografia conforme um setor a ser escavado através de metodologias específicas. Cada imagem-fenômeno pode ser observada e descrita em sua superfície, como varredura de elementos figurativos e não figurativos que sugerem locais de interesse arqueológico, e escavada em dois sentidos: em profundidade (fotoquadrículas) e em extensão (fototículas). A escavação em profundidade pode ser compreendida, no sentido estrito do termo, como um atravessamento, camada por camada, que resulta na caracterização físico-química ou, no sentido abstrato do termo, na caracterização iconográfica da imagem. A escavação em extensão remete à teoria flusseriana e permite evidenciar programas engajados no fenômeno em que a imagem emergiu. Como meu objeto de pesquisa é acessado por suas matrizes digitais, desenvolvo, nesse momento, apenas a escavação em extensão de algumas imagens. Inicio com a coleção fotográfica do capitão Scott na expedição antártica britânica Terra Nova (1910-1913), composta por exercícios fotográficos realizados com instruções recebidas por Ponting, o primeiro fotógrafo profissional a atuar na Antártica. A emergência de tais imagens se faz possível pela superposição com outros fenômenos, como as fotografias da expedição antártica britânica Discovery (1901-1904), e os programas amalgamados por ambas. A superfície evidencia, portanto, camadas programáticas, que incluem o programa técnico do aparelho, o programa institucional da expedição, programas editoriais, etc. A superposição entre superfície e programas compõe uma última camada: o sistema no qual tais imagens circulam e vivem. Nesse sentido, além de evidenciarem a história de nossas intra-ações com o continente, tais imagens agem e são agenciadas, com a sua instrumentalização e circulação. Enfim, é observado um modelo proposto e agenciado com a imagem, que pode ser confrontado pela diversidade objetiva, abafada porém existente, em sua própria constituição. |