Desterritorialização e resistência tupiniquim: mulheres indígenas e o complexo agroindustrial da Aracruz Celulose
Ano de defesa: | 2008 |
---|---|
Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | http://hdl.handle.net/1843/MPBB-7MDM33 |
Resumo: | A modernidade ocidental somada a outras formas de dominação (colonialismo, capitalismo, projeto hegemônico de desenvolvimento, neoliberalismo, globalização hegemônica) alteram profundamente a relação da humanidade com o ambiente e transformam a natureza em fonte inesgotável de matéria-prima. A ansiedade pelo controle da natureza e pelo acúmulo de riquezas tem destruído, ao longo da história, fontes de subsistência e sistemas culturais de diversas populações locais em países do Sul. Ao mesmo tempo, criam-se novas formas de dominação e reelaboram-se as já existentes. Criam-se modelos de desenvolvimento e de "subdesenvolvimento". Estabelecem-se padrões "ideais" de produção e consumo. A relação de dominação Norte x Sul se reproduz dentro do Sul e do Norte, ou seja, criam-se muitos Nortes dentro do Sul e Suis dentro do Norte. A crise ambiental surge como uma denúncia do esgotamento dos "recursos naturais" do planeta, porém novas estratégias tecnológicas e político-institucionais são encontradas pelo capital para ampliar a capacidade de exploração dos "recursos naturais". Os pobres e as mulheres são responsabi1izados pelo aumento populacional, indicado pelos especialistas do meio ambiente e do desenvolvimento como a principal ameaça à segurança ambiental do planeta. As mulheres dos países do Sul são alvo de políticas de controle da natalidade dos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970. Com o discurso de combate à pobreza, populações do Sul são conectadas ao projeto de desenvolvimento. A partir de então, vivenciam rupturas jamais imaginadas.No Espírito Santo, a conexão das populações indígenas ao chamado projeto de desenvolvimento pela industrialização é devastadora porque leva essas populações a perderem os seus territórios (restrição territorial) feitos de biodiversidade e cultura. A chegada da Aracruz Celulose SI A ao território indígena dá início ao quarto ciclo de perdas territoriais Tupiniquim; o processo de desterritorialização e reterritorialização erode o modo de vida desses indígenas. As mulheres, portadoras de saberes imprescindíveis à vida do seu povo, se vêem expropriadas das fontes materiais e simbólicas que pennitiam a construção e a reprodução dos seus saberes: agricultoras, coletoras e artesãs são transformadas em subempregadas. A nova conformação territorial fragiliza o papel e o poder da mulher na sociedade Tupiniquim. Diante de uma realidade tão complexa, essa população reafirma a importância do lugar como foco de resistência ao projeto hegemônico global e trava, há quarenta anos, uma luta incansável pela recuperação territoria1. Muitas batalhas e alianças são feitas. Nesse sentido, a Rede Alerta Contra o Deserto Verde é um importantee apoio da luta indígena no Espírito Santo, porque ajuda a consolidar uma gama de apoio local, nacional e internacional à luta indígena: uma luta que assume uma dimensão cosmopolita. AB mulheres não abrem mão de se somarem à luta pela terra por meio de uma organização específica. Forjam a Comissão de Mulheres Indígenas Tupiniquim e Guarani, que constitui um espaço de elaboração de estratégias e de fortalecimento dos laços entre as mulheres. Dessa forma, os Tupiniquim vão construindo a sua história de r-existência, dando uma importante contribuição à luta contra a globalização hegemônica. |