O desenvolvimento do conhecimento ortográfico em crianças com transtorno específico da aprendizagem da leitura

• Ano de defesa: 2016
• Autor(a) principal: Daniela Teixeira Gonçalves
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais; Brasil; FAF - DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA; Programa de Pós-Graduação em Psicologia; UFMG
• Palavras-chave em Português: Transtorno específico da aprendizagem da leitura; Dislexia do desenvolvimento; Escrita; Conhecimento ortográfico; Psicologia - Teses; Ortografia e silabação - Teses; Psicologia da aprendizagem - Teses; Dislexia - Teses; Escrita - Teses
• Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/53274

O Transtorno Específico da Aprendizagem da Leitura (TEAL) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na aprendizagem da leitura a despeito de inteligência normal e instrução adequada. Essas dificuldades resultam, frequentemente, de um déficit no processamento fonológico. As crianças com TEAL também apresentam dificuldades severas e persistentes de escrita. O presente estudo investigou a natureza dos erros de escrita, assim como o desenvolvimento do conhecimento de regularidades ortográficas, de crianças com TEAL e crianças com desenvolvimento típico (DT), matriculadas em classes do 2º ao 5º ano do ensino fundamental de escolas particulares da região metropolitana de Belo Horizonte. Em cada ano escolar, avaliou-se a habilidade de a criança escrever palavras com dois tipos de inconsistência grafema-fonema: 1) inconsistências condicionadas pelo contexto em que o grafema ou fonema ocorre na palavra (e.g., cacique vs. caduco) e 2) inconsistências condicionadas por regras morfossintáticas (e.g., cumpriu vs. febril). Em ambos os casos, o desempenho da criança foi comparado à sua habilidade de escrever palavras com inconsistências grafema-fonema incondicionadas (e.g., faxina vs. fachada) e que, portanto, devem ser memorizadas para serem escritas corretamente. Os resultados mostraram que, assim como ocorreu para as crianças com DT, a imensa maioria dos erros das crianças com TEAL consistiu de erros fonologicamente plausíveis. Esses resultados confirmam os resultados de estudos anteriores e sugerem que as dificuldades de escrita no TEAL não podem ser explicadas em função de dificuldades na aprendizagem das correspondências entre as letras e os sons. Por outro lado, elas mostraram muita dificuldade na escrita de ambos os tipos de dificuldade ortográfica, tendo apresentado um desempenho significativamente inferior ao das crianças com DT em todos os anos escolares. Além disso, ao contrário do que ocorreu entre as crianças com DT, cuja habilidade de escrever as palavras com regularidades morfossintáticas aumentou significativamente em relação à habilidade de escrever as palavras com inconsistências incondicionadas ao longo dos anos escolares, as crianças com TEAL apresentaram muita dificuldade com aquelas palavras, tanto nos anos escolares iniciais quanto nos anos escolares mais avançados. Em uma análise adicional, as crianças com TEAL do 5º ano foram comparadas às crianças com DT do 2o ano, as quais apresentavam habilidade de escrita semelhante à apresentada por aquelas crianças. Ao contrário do que o que foi observado nas análises comparando as crianças com TEAL a crianças com DT da mesma idade cronológica, nenhuma diferença foi encontrada entre os dois grupos, nem em relação à natureza dos erros de escrita, nem em relação ao desenvolvimento do conhecimento ortográfico. As implicações desses resultados para a nossa compreensão das bases das dificuldades de leitura e escrita no TEAL são discutidas.