O emprego do pronome tônico de terceira pessoa em função acusativa no português: mudança ou retenção?

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Heloisa Maria Moraes Moreira Penna
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/BUBD-9D8G4U
Resumo: A pesquisa aqui apresentada tem por objetivo analisar o pronome tônico de terceira pessoa em função acusativa no português brasileiro contemporâneo e sua relação com fenômeno semelhante no período arcaico. Os dados analisados pertencem aos períodos arcaico e contemporâneo (brasileiro) da língua portuguesa: para o arcaico os dados foram extraídos de documentos notariais dos séculos XIII, XIV, XV e XVI e, para o período contemporâneo, provenientes de gravações de programas de televisão e de textos da escritora mineira Adélia Prado, que, apesar de escritos, apresentam elementos de oralidade. Gostaríamos de ressaltar que o uso dos textos notaríais do período arcaico foram de fundamental importância para a análise que se seguiu, pois neles o emprego não enfático do ele acusaíivo foi registrado. Dados de dois dialetos portugueses foram acrescidos ao 'corpus' como comprovação da existência do fenômeno também no português lusitano contemporâneo. O resultado da análise apontou-nos um aspecto até então não abordado por estudiosos antigos ou mais recentes: a forte presença do ele em todas as funções sintáticas, inclusive a de objeto direto, nos dois períodos da língua portuguesa. Após a constatação desse fato procedeu-se a um estudo aprofundado desse pronome com o intuito de 'justificar' a sua liberdade sintática e sua invaríabilidade em todas as funções. Voltou-se ao latim para estudar o pronome ele desde a sua origem abordando todos os seus aspectos: morfológico, sintático e semântico. A questão da referência mostrou-se relevante para a compreensão do fenômeno. O fruto de tal estudo foi a verificação de uma série de características que fazem do pronome ele um elemento dissociado do sistema pronominal pessoal e neutro em relação à flexão de caso, cujos resquícios ainda existem no sistema pronominal pessoal português. A origem demonstrativa do pronome ele foi apontada como a principal responsável pela sua falta de integração ao sistema. Vem dessa origem ainda a capacidade de formar um subsistema de terceira pessoa onde o ele, a modelo dos Nomes, figura em todas as funções sintáticas apenas flexionando-se em gênero e número. A conclusão a que se chegou foi a de que o fenômeno ele acusaíivo configura-se como uma retenção sintática na língua, através dos tempos, e forma o seu próprio subsistema. Pode ser considerado um emprego vernáculo já que, na verdade, ele existe desde os primórdios da língua e sua existência como tal se explica a partir de sua origem latina.