Fluxos migratórios, práticas rituais e tradição de conhecimento : uma biografia familiar xakriabá

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Amanda Jardim da Silva Rezende
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais
Brasil
FAF - DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA E ARQUEOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Antropologia
UFMG
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/1843/60324
https://orcid.org/0000-0001-7394-115X
Resumo: Este trabalho foi realizado com integrantes de uma família extensa do povo indígena Xakriabá, localizada na aldeia Barreiro Preto, situada na Terra Indígena Xakriabá, macrorregião norte mineira. Tem como proposta apresentar formas de ser xakriabá através de memórias que retomam relações de parentesco, o estar no território e práticas rituais. A contribuição desta etnografia se dá na compreensão dessas formas não como traduções a partir da fronteira étnica, mas como expressões que destacam a família como unidade sociológica. Parte do investimento etnográfico consistiu em recuperar a trajetória de familiares chegantes a partir de uma abordagem genealógica e biográfica. No caso em análise, esses chegantes, também notados como retirantes, teriam partido da região de Brejo do Amparo (atual município de Januária) e se estabelecido no Terreno dos Caboclos em um contexto de recente promulgação da Lei de Terras (1850). Durante o início do século XX, teriam procurado formas de permanecer no território através de alianças matrimoniais, compadrios/ comadrios e do trabalho na terra. Trouxeram consigo conhecimentos que recuperam experiências anteriores ao fluxo migratório, como a da leitura e escrita e da devoção ao catolicismo. Essas práticas foram ressignificadas, são performadas e transmitidas por seus descendentes, especialmente através das rezas e do Reis, sendo entendidas como herança dos finados. Trazem à cena complexidades que expandem os rituais em si, já que atualizam as relações de parentesco iniciadas pelos chegantes, entre outros aspectos. O destaque dado às memórias individuais ressalta a agência não como um reflexo da deflagração de um processo identitário, de escolhas políticas pelos diacríticos étnicos, e sim como compartilhamento de valores morais construídos dentro de circuitos rituais interfamiliares.