Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gonçalves, Angela Maria Corrêa lattes
Orientador(a): Teixeira, Maria Teresa Bustamante lattes
Banca de defesa: Ramos, Andréia Aparecida de Miranda lattes, Alves, Marcelo da Silva lattes, Rabello, Elaine Teixeira lattes, Soares, Teresa Cristina
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/7140
Resumo: Introdução: A depressão clínica é um dos principais problemas de saúde pública na atualidade. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, são mais de 10 milhões de pessoas que sofrem com depressão. A incidência maior da doença se dá entre os 20 e os 40 anos, justamente no auge da vida profissional. As mulheres são as mais vulneráveis ao problema, sendo que o número de casos é o dobro dos homens. Objetivo: Avaliar a prevalência de depressão e os fatores associados em mulheres de 20 a 59 anos de áreas cobertas pela Estratégia de Saúde da Família de município da Zona da Mata Mineira; analisar a experiência de adoecimento de mulheres de 20 a 59 anos atendidas na atenção primária, avaliadas com depressão segundo o PHQ-9. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, com mulheres de 20 a 59 anos, cadastradas em duas Unidades de Saúde da Família, que utilizou um questionário contendo variáveis sociodemográficas, apoio social, autoavaliação de estado de saúde, estilo de vida, morbidade e saúde da mulher. O desfecho depressão foi avaliado segundo o PHQ-9, considerando como positivas as mulheres que obtiveram um score ≥ 10 pontos. Para a análise dos fatores associados, foram calculadas as razões de prevalência brutas e ajustadas, por meio de regressão robusta de Poisson. Para a análise da experiência de adoecimento, as mulheres que pontuaram positivamente no PHQ-9 passaram por uma entrevista com médicos psiquiatras que utilizaram como instrumento o CIS-R (Clinical Interview Schedule - Revised), instrumento que tem sido utilizado como padrão de referência em estudos de transtornos mentais comuns. Foram então identificadas mulheres com diagnóstico positivo para depressão e outras em que o afeto de tristeza estava presente, mas que não caracterizavam depressão clinica. Para o conjunto destas mulheres, foi aplicado o questionário McGillIllness Narrative Interview (MINI) e realizada análise de conteúdo deste material. Resultados: Das 1.958 mulheres incluídas nesta análise, 28,5% encontravam-se na faixa etária entre 30 e 39 anos; 15,4% não haviam concluído o ensino elementar; 54,5% não trabalhavam ou nunca trabalharam; e 44,2% declararam não ser da raça branca. A prevalência de depressão encontrada foi de 19,7%, e os fatores associados foram: possuir baixa escolaridade, trabalhar atualmente e ter doença mental prévia. Os fatores associados à ocorrência de depressão na população estudada foram: possuir baixa escolaridade, trabalhar atualmente e ter doença mental prévia. Como fatores de proteção, observaram-se: ser casada ou viver com companheiro, realizar atividades físicas regularmente e relatar autoavaliação positiva de saúde. A análise qualitativa revelou que as mulheres com depressão se tornam descuidadas de seus compromissos devido a um sentimento de incapacidade, prostração, desmotivação, que não lhes permite sair da inércia e assumir a rotina da vida cotidiana. A morte aparece, para algumas, como um alívio e única solução possível para o término do sofrimento. A espiritualidade e a religiosidade contribuíram para amenizar o sofrimento, sendo importantes para a mudança de vida e para a reabilitação. 14 Conclusão: Os resultados revelam que uma assistência específica na atenção primária à saúde deve ser dada às mulheres, especialmente àquelas com baixa escolaridade, que trabalham, apresentam doença mental e não praticam exercícios físicos, a fim de reduzir o sofrimento e promover a saúde. Foi também evidenciado que a falta de sentido na vida torna-se algo aparentemente normal, a ponto de não motivar a procura de ajuda para tratar a doença. Ressalta-se a lacuna na utilização de instrumentos de rastreamento dos casos de depressão na atenção primária. É preciso que os profissionais sejam capacitados para diagnosticar corretamente os transtornos mentais, visando especialmente discriminar depressão e tristeza, evitando a medicalização e a estigmatização. É importante fortalecer a rede assistencial, reconhecendo a necessidade de articular, de forma incisiva, a atenção primária à saúde e as políticas/ações específicas da área da saúde mental.