A escrita como processo em construção: uma intervenção na refacção de textos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Lima, Núbia Damasceno Moreira lattes
Orientador(a): Lima, Carmen Rita Guimarães Marques de lattes
Banca de defesa: Almeida, Ricardo Luiz Teixeira de lattes, Nogueira, Elza de Sá lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras)
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/3417
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar e desenvolver meios de intervir no processo de refacção de textos, pautando-se na abordagem da escrita como processo em construção, do qual participam professores e alunos, envolvidos em uma ação conjunta de ensino-aprendizagem e de construção de significados. Para tanto, adotaremos a concepção de linguagem como forma de ação e lugar de interação humana e a de escrita como um fenômeno sociocognitivo-discursivo. A fim de embasar tais concepções, abordamos o Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (2003, 2006) e a linguagem como fenômeno cognitivo, segundo Marcuschi (1999) e Tomasello (2003). Segundo as concepções de Bronckart (2003) e Dolz & Schneuwly (2004), abordaremos a teoria dos gêneros textuais, os quais configuram as funções sociodiscursivas da escrita e as condições de produção das diferentes interações verbais. Através da metodologia da pesquisa-ação, o presente estudo se propõe a compreender questões relacionadas à produção escolar de textos escritos, a partir da problematização da prática docente e da descrição e análise das questões recortadas, além de propor alternativas de transformação da prática escolar da escrita. Trata-se de uma pesquisa de intervenção pedagógica, que teve como cenário específico uma escola pública do município de Barbacena-MG e como participantes 33 alunos do 7º ano do Ensino Fundamental 2. A pesquisa foi desenvolvida a partir do gênero “notícia” e, através de um diagnóstico do conhecimento prévio dos alunos a respeito do gênero em questão, traçamos os aspectos a serem desenvolvidos aos longos dos módulos de uma sequência didática que os orientasse tanto na leitura quanto na produção de uma notícia. Após a produção da notícia, com foco nas últimas etapas do processo – revisão e refacção do texto produzido – aplicamos e avaliamos a utilização de um roteiro de refacção que possibilitasse ao aluno reconhecer e corrigir os problemas de seu texto, de acordo com o que havia sido apresentado e discutido nos módulos. O uso de tal roteiro foi testado de duas formas: metade da turma interagiu individualmente com seu texto e com o roteiro e a outra metade trabalhou em duplas no momento de analisar o texto com o roteiro. Já o momento da refacção foi individual para todos. De acordo com os resultados apontados, é possível afirmar que o desenvolvimento da sequência didática foi o primeiro grande passo para a intervenção no processo de escrita dos alunos, uma vez que, através dela, puderam entender melhor as especificidades do gênero estudado. A oportunidade de reflexão, revisão e refacção do texto também foi muito produtiva, os resultados apontaram que quase 80% dos alunos pesquisados fizeram modificações relevantes em seus textos após o processo de refacção. Ao ser testado, o roteiro de refacção também se mostrou uma boa ferramenta didática ao orientar os alunos no momento da reescrita de seus textos. Embora nem todos tenham interagido com os roteiros, aqueles que o fizeram promoveram modificações relevantes e pertinentes em seus textos finais. Tanto o trabalho realizado em dupla quanto o realizado individualmente apresentaram resultado satisfatório, de um modo geral, embora algumas diferenças possam ser apontadas. O trabalho em duplas apresentou melhores resultados no processo de refacção como um todo, sendo que o sucesso do grupo que trabalhou individualmente foi de 72,7% e o sucesso do grupo que trabalhou em duplas foi de 86%. Acreditamos que as duas estratégias devam ser utilizadas pelo professor, buscando sempre adequá-las aos objetivos propostos e às necessidades de seus alunos.