Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Rodrigues, Luciana de Oliveira
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Orientador(a): |
Nogueira, Nícea Helena de Almeida
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Banca de defesa: |
Azara, Michel Mingote Ferreira de
,
Sousa, Victor Santiago,
Silva, Anderson Pires da
,
Faria, Fernando Jorge dos Santos |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17787
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Resumo: |
Na presente tese analisamos a presença do animismo como recurso na escrita das obras Lueji: o nascimento de um Império, de Pepetela (2015) e Histórias de leves enganos e parecenças, de Conceição Evaristo (2016a). Buscamos entender o realismo animista como gênero literário que reivindica uma reflexão sobre a realidade encenada na enunciação literária africana e brasileira, de modo particular e original, podendo ser considerado um elemento constituinte da cosmovisão de parte dos povos africanos e dos povos afrodiaspóricos. Pensado por Pepetela em 1989, o realismo animista está intrinsecamente associado às questões das culturas e das identidades, que se modificam desde o período colonial, sendo constante a presença da religião intervindo na vida das personagens nessas narrativas. O realismo animista é um persistente “reencantamento do mundo”, que se relaciona com o modo de pensar e viver a realidade, em um contexto denominado “inconsciente animista” (Garuba, 2012). Nele, a percepção linear do tempo se desestabiliza, de modo que passado e futuro se encontram, bem como as noções de ancestralidade e alma relacionam-se com base no retorno à terra-mãe onde tudo se mistura, formando um só povo. Esse recurso de escrita nas literaturas africanas de língua portuguesa e na “literatura negro-brasileira” (Cuti, 2010) permite a reinvenção de uma história com outras interpretações escritas pelo próprio povo sobre sua cultura. A partir dos postulados e reflexões de Garuba (2012), Latour (1994), Leite (2008), Ndaw (1997), Nietzche (2001), Paradiso (2020) e Rooney (2000), que relacionam os traços da oralidade africana, memória, mito, identidade, buscando comprovar as conexões entre a tradição e a modernidade, a simbologia, o sagrado e o entrelaçamento entre a ancestralidade e o animismo que permeiam as relações nas referidas obras. A tese conclui que, nas narrativas estudadas, a confluência entre Pepetela e Conceição Evaristo emerge no pensamento mítico animista que se materializa no realismo animista, como gênero literário, e possibilita recriar o mito e reencantar o mundo. |