A paixão segundo Leminski: Pathos, Ruah & Wu Wei
Ano de defesa: | 2022 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , , , |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
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Departamento: |
ICH – Instituto de Ciências Humanas
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2022/00072 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/14581 |
Resumo: | Este trabalho aborda a questão da religião na obra de Paulo Leminski, poeta curitibano de grande circulação no Brasil e que foi um dos principais nomes da contracultura nacional. O literato participou do movimento da década de setenta que ficou conhecido como poesia marginal. A perspectiva desta pesquisa não se resume em elencar as referências religiosas na obra do autor, e nem de defender ideias teológicas apoiadas por sua poesia. Por outro lado, se faz da teologia, das teorias da ciência e da religião ferramentas para abordar aspectos de sua obra, que de outra maneira poderiam ficar ocultos. Apresenta-se então além do que foi diretamente proposto, uma perspectiva de análise de uma obra poética através das áreas englobadas pela ciência da religião. A partir disso, questionamos quais os valores centrais que movem a poesia de Leminski, considerando-os a ‘religião’ da obra e vetor incondicionado a mover todo o condicionado. Assim, construiu-se um quadro em que 1) Buscou-se a religião como o valor supremo que move todos demais dizeres poéticos, 2) Tomou-se a tessitura poética como uma estrutura, que pode ser medida pela recorrência de temas e 3) E que esta estrutura atua como um funil, recolhendo todos os sentidos para um mesmo lugar, fenda. Defendemos então que esse lugar (religião) pode ser tematizado a partir da palavra paixão, que em sua polissemia aponta para os temas centrais da poesia de Leminski. Aponta-se com isso que sua poesia está recorrentemente versando sobre temas relativos à entrega, à possessão, ao não governo de si próprio, e de sofrer as intempéries da vida, etc. Isto é exaltado em sua poesia como a própria grandeza da vida, e toma como modelo comportamental aquele ser que permite que a vida aconteça nela e não se esteriliza, não troca conforto e bem-estar pela vida, pela paixão. Esta perspectiva é uma proposta qualitativa do termo vida, que pode ser abordada pela tríade vida/experiência/paixão. Além disso, percorremos termos importantes na história da filosofia e da religião cujos sentidos equalizassem a polissemia radical que Leminski dá ao seu tratamento da paixão, como recurso para apontar as maneiras pelas quais a paixão é trazida ao centro por sua poesia. E nos permitissem também entender melhor suas escolhas e apelos. Partindo assim, com pathos, à própria raiz grega da palavra paixão, referindo a Aristóteles, como aquilo dos outros que vive em nós a partir da retórica, da linguagem; à palavra ruah, o sopro da vida, o espírito da tradição judaico-cristã que compõe de uma maneira muito especial o símbolo do vento, muito recorrente em sua poesia, de maneira assumidamente religiosa; e o wu wei daoísta, a prática de agir não agindo, de agir como sendo um fator vazio para que a vida aja no indivíduo, revelando assim um argumento religioso nas abordagens do poeta sobre os temas do erro e da distração. |