Discursos de ódio às candidatas mulheres no ambiente digital: os casos das prefeitas mineiras Elisa Araújo, Margarida Salomão e Marília Campos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Costa, Isabella Mudesto Dias lattes
Orientador(a): Leal, Paulo Roberto Figueira lattes
Banca de defesa: Oliveira, Luiz Ademir de lattes, Brinati, Francisco Ângelo
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Comunicação
Departamento: Faculdade de Comunicação Social
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16016
Resumo: A ascensão da figura feminina no campo da política pode ser considerada um grande avanço no século XXI, apesar de estar longe de atingir uma representatividade que se aproxime do poder que os homens ainda têm nessa esfera. Esta sub-representação é multifatorial. Focalizase na operação do discurso de ódio como um desses aspectos, analisando manifestações negativas direcionadas a candidatas em três bem-sucedidas campanhas: Margarida Salomão (PT), Marília Campos (PT) e Elisa Araújo (Podemos). O estudo cobre os primeiros e segundos turnos das eleições de 2020, no Instagram das candidatas. Adotando a análise de conteúdo de Laurence Bardin, o estudo extraiu 339 comentários odiosos de usuários nas postagens analisadas, representando amostras do discurso virtual relacionado às candidaturas políticas. A coleta de conteúdo englobou 900 postagens, envolvendo comentários odiosos através de uma leitura flutuante ao longo do período de análise. Categorizou-se os textos em subcategorias ligadas à macrocategoria "Discurso de Ódio", abordando aspectos como a tipologia, manifestação, transmissão, forma e perfil dos usuários desse discurso, com todo o processo realizado manualmente. A análise das categorias de alvo e das palavras ou expressões utilizadas no discurso de ódio, de fato, apoia a hipótese de que o discurso de ódio não apenas permeia, mas também é influenciado pela questão de gênero. Os padrões identificados refletem a complexa interação entre o viés de gênero enraizado na sociedade e as dinâmicas digitais contemporâneas. Ao explorar diferentes categorias de ataques, como políticos/partidários, sexistas/misóginos, LGBTfóbicos, estigmatizantes, aspectos religiosos e aparência/classe social, torna-se evidente que a hostilidade direcionada às candidatas políticas tem suas raízes em normas de gênero. Neste estudo, a análise revelou, também, a presença de incivilidade e desrespeito nas interações das candidatas em suas redes sociais, com diferenças entre elas. Elisa Araújo recebeu mais comentários de incivilidade, enquanto Margarida Salomão e Marília Campos foram alvo de desrespeito. O discurso de ódio explícito foi mais prevalente do que o velado, principalmente de cunho político, principalmente às candidatas do PT. Os insultos e xingamentos foram as manifestações mais comuns de ódio, muitas vezes intensificados por emojis agressivos. Esses resultados contribuem para entender a crescente interseção entre política, gênero e comunicação. No contexto contemporâneo das redes sociais, é fundamental a realização de novos estudos que analisem de maneira mais aprofundada as dinâmicas complexas que envolvem o discurso de ódio direcionado às mulheres na esfera política.