Crenças de gestores de saúde em relação à violência doméstica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Paula Junior, Gerson Vieira de lattes
Orientador(a): Lourenço, Lélio Moura lattes
Banca de defesa: Ferreira, Maria Elisa Caputo lattes, Neves, Antonio Maurício Castanheira das lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2416
Resumo: Compreender os processos implicados na inclusão da violência doméstica na agenda do setor saúde é importante para a formulação e implementação de políticas e projetos de intervenção. Sendo assim, buscou-se investigar crenças de gestores de saúde sobre violência doméstica. Foram realizados dois estudos em municípios de uma microrregião de Minas Gerais: um com 16 secretários municipais de saúde e outro com 19 coordenadores municipais da Estratégia Saúde da Família. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual semiestruturada e tratados através da análise de conteúdo. Segundo os gestores, consumo de álcool, consumo de drogas ilícitas, falta de estrutura e de planejamento familiar, falta de diálogo e o modo e ritmo de vida atual / estresse cotidiano são os principais fatores geradores dos vários tipos de violência doméstica. Os coordenadores municipais da Estratégia Saúde da Família ressaltaram também o fator baixa renda. Além desses, os gestores de ambos os grupos destacaram outros fatores relacionados a situações mais específicas: forma como os pais foram criados e cultura da violência como forma de educar (violência doméstica contra crianças); rebeldia dos adolescentes e falta de habilidades dos pais para lidar com eles (violência doméstica contra adolescentes); falta de paciência de familiares / cuidadores e interesse em cuidar do idoso apenas pelo dinheiro dele (violência doméstica contra idosos); traição e ciúmes (violência entre parceiros íntimos). A prevenção da violência como papel do setor saúde foi mais destacada pelo grupo de secretários municipais de saúde. As dificuldades para intervenção mais ressaltadas foram: vítimas não relatam a violência, pouca participação da comunidade, recurso financeiro insuficiente, pouca articulação intersetorial e ausência de política específica. A sobrecarga de trabalho foi mais enfatizada pelos coordenadores da Estratégia Saúde da Família. Os gestores se mostraram preocupados e sensibilizados com a questão da violência doméstica, mas as ações ainda são pontuais. Os resultados assinalam a presença do modelo biomédico permeando o setor saúde. Conclui-se que a abordagem da violência doméstica apresenta-se como um desafio para o setor saúde. Recomenda-se maior enfoque desse assunto na formação e educação continuada dos profissionais, bem como formulação de políticas mais específicas.