As tramas da política industrial nos governos FHC e Lula: um olhar a partir do IEDI e da CUT

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Vieira, Juanito Alexandre lattes
Orientador(a): Delgado, Ignácio José Godinho lattes
Banca de defesa: Castro, Ana Célia lattes, Condé, Eduardo Antonio Salomão lattes, De Toni, Jackson, Lobo, Valéria Marques lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4576
Resumo: O Brasil sofre, na década de 1990, a imposição da síntese neoliberal, responsável por mudanças estruturais no próprio conceito de indústria nacional e com repercussão negativa no nível de emprego e na desigualdade social. A instabilidade econômica, em decorrência do descontrole inflacionário, constituiu-se como justificativa para a criação de medidas de austeridade macroeconômica baseadas nos altos juros, na sobrevalorização do câmbio e na ampliação da abertura do mercado interno como promoção da competitividade. O sucesso em controlar a inflação foi utilizado como instrumento político pelo governo Fernando Henrique para forjar apoio de setores industriais a um modelo mais restritivo ao setor produtivo. Apesar de estabelecerem relações distintas com o governo, o IEDI e a CUT assumem posição de resistência ao movimento hegemônico no período. O entendimento das duas entidades mantém a perspectiva de que o Estado precisa assumir a coordenação da política industrial como estratégia para o desenvolvimento nacional. Até 2002, a atuação das duas entidades acontece em campos distintos: os empresários do IEDI, como fração do bloco no poder, atuam de maneira secundária dentro do governo; e a CUT, como oposição ao governo federal, aposta na construção de um campo democrático e popular de enfrentamento ao neoliberalismo. A posse do presidente Lula representa uma alteração na conjuntura política e abre espaço para a retomada de medidas desenvolvimentistas. A indicação de mudança na trajetória político-econômica favorece a movimentação dos principais atores sociais, tanto dentro do bloco no poder como nas classes ausentes da estrutura de governo. O deslocamento desses setores beneficia a formação de uma nova coalizão comprometida com o fortalecimento da indústria doméstica e com a retomada do crescimento. A base para a consolidação dessa coalizão está no estímulo ao desenvolvimento sustentado como meio para articular ganhos de produtividade nas empresas e melhoria da distribuição de renda no país. A estratégia do mercado de massas, o acréscimo das exportações via elevação da competitividade e o aumento dos investimentos públicos para o setor produtivo são eixos prioritários do governo Lula para a retomada do crescimento econômico. A atuação, de maneira complementar, dos dois atores analisados na pesquisa foi decisiva para a modificação das orientações político-econômicas a partir de 2002. Essa nova coalizão garantiu sustentabilidade ao governo Lula para conduzir ações em benefício do crescimento industrial e das políticas de inclusão social. A resistência desses atores ao movimento contrário à atuação do Estado em favor do setor produtivo, hegemônico até 2002, e a capacidade de influência nas políticas públicas para o setor, após esse período, justificam a opção desta tese em analisar as políticas industriais nos governos Fernando Henrique e Lula a partir do olhar do IEDI e da CUT.