“Boys don’t cry”: uma análise da (des)construção da masculinidade no emo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Monteiro, Ana Luiza Franco de Moura lattes
Orientador(a): Silva, Elisabeth Murilho da lattes
Banca de defesa: Carvalho, Francione Oliveira lattes, Guimarães, Maria Eduarda Araujo lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Artes
Departamento: IAD – Instituto de Artes e Design
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Emo
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17137
Resumo: Esta dissertação procura desenvolver uma análise em torno de como o emo — enquanto um fenômeno subcultural que ganhou destaque no início dos anos 2000 — contribuiu para uma subversão de termos normativos que ditam o comportamento masculino na sociedade contemporânea ocidental, oferecendo uma possibilidade de expressão tanto emocional quanto visual alternativa ao modelo normativo. Com foco no contexto brasileiro, propõe-se uma análise discursiva foucaultiana dos discursos construídos por dois dos principais meios de comunicação existentes no país no período de maior evidência do emo, que aqui, engloba os anos entre 2006 e 2013: o primeiro, discutido no primeiro capítulo, é o discurso produzido pelas emissoras de TV aberta Rede Globo, SBT e Rede Bandeirantes, que elaboraram materiais jornalísticos a respeito do emo durante este período. Este discurso é atravessado por narrativas que desvalorizam o emo enquanto movimento de significância subcultural, os colocando no lugar do “diferente” no imaginário popular brasileiro. O segundo discurso seria o interno, produzido pelos próprios emos a respeito de si, através da internet — que neste momento se difundiu entre os jovens e adolescentes como principal meio de comunicação. Os materiais escolhidos foram três blogs que se mantiveram em atividade durante o período de 2008 e 2013. Funcionando como uma espécie de diário aberto, os blogs eram um espaço virtual onde os emos podiam se expressar de forma menos restrita, onde podiam preservar seu anonimato e compartilhar experiências com seus semelhantes enquanto construíam sua identidade em torno destas identificações. O que transparece destas análises é o quanto o discurso e as definições do que é emo foram primariamente produzidas nos espaços virtuais, e, depois, interpretadas e ressignificadas pelas emissoras de televisão, mas também, a desigualdade entre os discursos do estigmatizado, e daquele que impõe o estigma. Portanto, a existência de fenômenos como o emo servem para evidenciar a fragilidade das masculinidades historicamente construídas como normativas. Há um histórico de movimentos subculturais juvenis permeados pelo desvio nas representações de gênero e sexualidade, e o emo é um dos que atravessam estes campos e revelam a necessidade de se atentar à necessidade de revisitar as estruturas patriarcais que sustentam nosso sistema social.