Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Sampaio, Thais Fernandes
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Orientador(a): |
Salomão, Maria Margarida Martins
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Banca de defesa: |
Miranda, Neusa Salim
,
Silveira, Sonia Bittencourt
,
Moura, Heronides Maurilio de Melo
,
Aragão Neto, Magdiel Medeiros
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Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2612
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Resumo: |
Assumindo a perspectiva da Gramática das Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 1995; 2006; TOMASELLO, 2006), o presente trabalho tem por objetivo descrever e analisar a Construção de Estrutura Argumental do Português do Brasil, que licencia enunciados do tipo: (i) O estudante quebrou o braço; (ii) Meu tênis descolou o solado; (iii) Rubinho quebrou o carro; (iv) O combustível subiu o preço. Nossa proposta de análise deste fenômeno assume que esta Construção constitui um caso de desencontro (ou mismatch, nos termos de FRANCIS; MICHAELIS, 2000; MICHAELIS, 2004; TRAUGOTT, 2007) no número de papéis sintáticos e semânticos. Semanticamente, as sentenças destacadas acima possuem um único argumento – a entidade afetada – e, de fato, há no Português do Brasil (PB) o que poderíamos chamar de uma Construção Ergativa Canônica, que exemplifica um encontro perfeito entre a sintaxe da construção e a semântica do verbo: (v) O braço do estudante quebrou; (vi) O solado do meu tênis descolou; (vii) O carro do Rubinho quebrou; (viii) O preço do combustível subiu. Entretanto, aquela que nomeamos Construção de Argumento Cindido (CAC), apesar do seu único argumento semântico, apresenta dois argumentos sintáticos – um sujeito e um objeto direto. O sujeito da CAC corresponde ao elemento que, na Ergativa Canônica, é expresso como um adjunto nominal; e o núcleo do sujeito da Ergativa Canônica vira objeto direto na Construção de Argumento Cindido. Do ponto de vista semântico, o sujeito da CAC representa o TODO da entidade afetada e seu objeto corresponde a uma PARTE específica desta entidade. Nossa análise da semântica da construção será proposta com base na Semântica de Frames (FILLMORE, 1977; FILLMORE; JOHNSON; PETRUCK, 2003). Apesar das características – sintáticas, semânticas e discursivas – comuns, que nos levam a identificar a mesma Construção de Estrutura Argumental recobrindo todos os enunciados em (i) - (iv), é possível reconhecer neste conjunto quatro subgrupos. No primeiro, exemplo (i), temos usos linguísticos que se identificam diretamente com o que ficou conhecido na literatura como Possessor Raising. Nesse caso, há uma relação de posse inalienável, envolvendo um possuidor humano e uma das partes do seu corpo. No segundo subgrupo, representado por (ii), a relação, ainda de posse inalienável, se estabelece entre um artefato e uma de suas partes. No terceiro grupo, exemplo (iii), verificamos uma relação entre um possuidor humano e um objeto possuído; nesse caso, uma relação de posse alienável. Finalmente, no quarto grupo, enunciado (iv), se estabelece uma relação entre um item e uma de suas propriedades. Utilizando dados reais de uso lingüístico, nosso estudo descreve e analisa cada um desses subgrupos, reunindo evidências a favor da idéia de que a CAC é uma Construção de Estrutura Argumental do Português, pragmaticamente motivada. Considerando os resultados da análise, apresentamos uma proposta de formalização da CAC, nos termos da Sign-Based Construction Grammar (SAG, 2010; MICHAELLIS, 2009). |