Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular de corpo inteiro nos indicadores de saúde de idosos
Ano de defesa: | 2021 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | , |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação e Desempenho Físico-Funcional
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Departamento: |
Faculdade de Fisioterapia
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: | |
Área do conhecimento CNPq: | |
Link de acesso: | https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00403 https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13869 |
Resumo: | O treinamento resistido impacta positivamente a força muscular, massa muscular e capacidade funcional na população idosa. Porém, devido à limitação física ou simples aversão ao exercício regular, a maioria dos idosos não atinge as doses de exercício recomendadas, apresentando taxa de adesão insatisfatória. Nesse sentido, surge a estimulação elétrica neuromuscular de corpo inteiro (EENM-CI), uma nova tecnologia de treinamento de baixo impacto às articulações e potencialmente tempo efetiva para gerar efeitos positivos nos desfechos relacionados à saúde de idosos. Essa dissertação de mestrado teve como objetivo geral contribuir para uma melhor compreensão a respeito do uso da EENM-CI em idosos, investigando e desenvolvendo, respectivamente: 1) Os efeitos, segurança e eventos adversos da EENM-CI em desfechos relacionados a saúde de idosos, através da condução de uma revisão sistemática; 2) Um protocolo de treinamento resistido com EENM-CI para idosos, comparado com treinamento resistido convencional. Pelo nosso conhecimento, até o momento, nenhuma revisão sistemática havia proposto investigar os efeitos da EENM-CI especificamente na população idosa. Dessa forma, o objetivo da revisão sistemática apresentada na dissertação foi sumarizar a evidência sobre os efeitos da EENM-CI em idosos sobre desfechos relacionados à saúde, bem como os riscos e eventos adversos. Os estudos elegíveis foram identificados a partir de buscas nas bases de dados MEDLINE, CENTRAL, EMBASE, CINAHL, Web of Science, Scopus e SPORTDiscuss. Para avaliar a qualidade metodológica dos estudos foi utilizada a ferramenta RoB (risk of bias) da colaboração Cochrane. Para avaliar o nível de certeza da evidência para cada comparação foi utilizado o GRADE (Grading of Recommendations Assessment Development and Evaluation). Foram incluídos 13 ensaios clínicos randomizados (amostra agrupada n = 283 participantes). Para a metanálise, foi utilizado o modelo de efeitos aleatórios. As estimativas de efeito foram expressas em SMD (standardized mean difference), juntamente com os intervalos de confiança de 95%. A heterogeneidade entre os estudos foi avaliada através do teste I2 . Com base em estudos conduzidos no médio prazo foram observados: efeitos grandes da EENM-CI para redução do Z-score de sarcopenia (ES: -1,44 [-2,02: -0,87], p= < 0.01), com baixa qualidade da evidência; efeitos moderados da EENM-CI para aumento da força de preensão manual (ES: 0,58 [0,23: 0,92], p= < 0.01) e aumento da velocidade habitual da marcha (ES: 0,69 [0,31: 1,07], p= < 0.01), ambos com baixa qualidade da evidência; nenhum efeito observado da EENM-CI sobre triglicerídeos (p= 0.20), com baixa qualidade da evidência; nenhum efeito observado da EENM-CI sobre a gordura corporal total (p= 0.20) e circunferência da cintura (p= 0.17), ambos com muito baixa qualidade da evidência. Com base em estudos conduzidos no longo prazo foram observados: efeitos grandes da EENM-CI para aumento da força isométrica de extensores da perna (ES: 0.81 [0.41: 1.21], p= < 0.01), com baixa qualidade da evidência; efeitos moderados da EENM-CI para aumento da massa muscular apendicular esquelética (ES: 0.69 [0.30: 1.09], p= <0.01), com baixa qualidade da evidência. Com relação aos riscos, dois estudos avaliaram o dano muscular através dos níveis sanguíneos de creatina quinase. Ambos relataram não haver diferença significante entre os grupos. Somente um estudo reportou o abandono de um participante, devido ao desconforto com a corrente elétrica. Nenhuma lesão ou evento adverso foi observado. Embora a EENM-CI tenha demonstrado efeitos positivos em médio e longo prazo em desfechos relacionados à saúde dos idosos, os grupos comparadores, em sua maioria, eram compostos por nenhuma intervenção, suplementação proteica ou exercícios ativos de baixa intensidade. Este fato nos motivou a elaborar um protocolo de ensaio clínico randomizado, com o objetivo de comparar os efeitos da EENM-CI com um grupo controle ativo, que realizará treinamento resistido convencional. Dessa forma, será possível avaliar, através de uma comparação justa, se o treinamento resistido com EENM-CI é equivalente, inferior ou superior ao treinamento resistido convencional e se os efeitos observados são mantidos ao longo de 6 meses. Adicionalmente, serão avaliados desfechos centrados no paciente, os quais ainda não foram avaliados em estudos prévios, como participação social, eficácia de quedas e satisfação com o tratamento. De maneira geral, os estudos incluídos nessa dissertação de mestrado fornecem importante contribuição a respeito da EENM-CI na população idosa. Primeiramente, a revisão sistemática sobre os efeitos, riscos e eventos adversos da EENM-CI em idosos, mostrou, com base em 13 ensaios clínicos, variando de muito baixa a baixa certeza da evidência, que esse novo método terapêutico foi efetivo para aumentar a força muscular, massa muscular e a capacidade funcional em pessoas idosas, tanto no médio prazo (principalmente quando associado com suplementação proteica), quanto no longo prazo. Secundariamente, o desenvolvimento de um protocolo de EENM-CI para idosos, comparado com um grupo controle ativo, que realizará treinamento resistido convencional, elucidará se existe equivalência, superioridade ou inferioridade desse novo método de treinamento sobre desfechos como força muscular, massa muscular, capacidade funcional, participação social e eficácia de quedas, imediatamente após o período de intervenção e longitudinalmente, após 3 e 6 meses. |