O fazer docente de língua portuguesa: uma análise contrastiva dos discursos de profissionais atuantes na educação básica e a BNCC

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Loures, Luciene Fernandes lattes
Orientador(a): Sampaio, Thais Fernandes lattes
Banca de defesa: Jácome, Alexandre José Pinto Cadilhe de Assis lattes, Dall’Orto, Lauriê Ferreira Martins, Coelho, Victória Wilson da Costa, Nascimento, Marilene Batista da Cruz
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2022/00122
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15195
Resumo: O presente trabalho buscou investigar o fazer docente (ações e atividades cotidianas) do/da profissional de português a partir do contraste de dois discursos: a Base Nacional Curricular Comum e os relatos de 15 professoras e dois professores atuantes em redes públicas (ex-alunos do ProfLetras – UFJF). É preciso salientar que tais discursos carregam consigo pesos, vozes e forças distintas perante a sociedade. O objetivo principal deste estudo é, portanto, compreender: o que fazemos enquanto docentes e o que a Base prevê como tarefa professoral. Buscando compreender o histórico que nos conduziu à BNCC, discute-se sobre o paradoxal processo de escolarização no Brasil, assim como a democratização do ensino no país. Além disso, as ideias de Apple (2006, 2017) e Freitas (2018) nos fornecem um panorama sobre as vozes dominantes na educação em tempos atuais. Os debates acerca da construção de currículos educacionais (APPLE (1979/2006), ARROYO (2013) e SILVA (1999), SOARES (1998)) também nos fornecem discussões essenciais para percepção do que está em jogo nesses processos. Além disso, buscou-se entender o que significa ser docente de português, discutindo aspectos como a complexidade da docência, as imagens e privações sofridas, a precarização, a busca por reconhecimento, profissionalização e intelectualidade. Os procedimentos metodológicos partiram do levantamento dos frames (FILLMORE, 1977, 1982, 2009) principais em cada discurso, para posterior exercício interpretativo contrastivo. A análise do documento revelou um docente de LP reprodutor de instruções elaboradas por outrem, silenciado pelas vozes dominantes na educação. Ao docente de português, não é permitido ocupar o território de currículo. A análise dos relatos docentes, obtidos via Google Forms, revelou, em contrapartida, um profissional intelectual, participativo, que trabalha a língua a partir dos eixos do ensino de LP. Exausto pela sobrecarga de trabalho, desempenhando suas funções não apenas em sala de aula. Parece ser um objetivo silenciar aquele(a) que lida com a linguagem e pode auxiliar na construção de pensamentos críticos, autônomos e emancipatórios. A voz do profissional da educação básica sempre é a última a ser ouvida (quando é ouvida). Desse modo, faz-se necessário o investimento em cursos de formação de professores e também em cursos de formação continuada não apenas para tratar dos conhecimentos da área, mas também a fim de fortalecer debates políticos sobre nossa classe e sobre nossas vozes. Parafraseando Arroyo (2013): se não controlarmos o currículo, seremos controlados por ele. Uma formação crítica para auxiliar na formação de indivíduos igualmente críticos.