O Sertão Mineiro de Vila dos Confins, romance de Mário Palmério, na mala do caixeiro viajante Xixi Piriá.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Dias, Ricardo lattes
Orientador(a): Schmitt, Maria Aparecida Nogueira lattes
Banca de defesa: Oliveira, Maria de Lourdes Abreu de lattes, Mendes, Moema Rodrigues Brandão lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF)
Programa de Pós-Graduação: -
Departamento: -
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6175
Resumo: Em um território tão diversificado, onde as comarcas intelectuais passaram por profundas e extensas transformações em seu contexto geral, fruto de um processo de trocas culturais, não há como pensar em uma literatura que não tenha como característica abordar essa variedade do povo latino americano. Mesmo diante da notória referência da literatura europeia, introduzida e existente nessas terras, seria necessário que houvesse uma literatura que valorizasse o regional. É partindo dessa diversidade que a presente dissertação busca apresentar a teoria da Transculturação Narrativa proposta pelo crítico uruguaio Ángel Rama. Por meio dela é possível analisar os processos transculturais no fazer literário do romance Vila dos Confins, obra do escritor mineiro Mário Palmério (1916-1996). A partir do processo da transculturação no nível da estruturação narrativa, que o intelectual Rama buscou, por meio de artigos, textos e intercâmbios, pode-se pensar em uma literatura voltada para a América Latina, de forma mais compacta, capaz de registrar suas histórias regionais como um todo. Rama enfatizou em suas obras o momento em que a literatura latino-americana começava a se voltar para suas particularidades em oposição às influências europeias, valorizando, assim, a cultura regionalista nacional de cada comarca do novo continente. Nessa ótica, há no romance Vila dos Confins o reconhecimento da diversidade cultural, uma vez que o romance apresenta o mundo regional rural do personagem fazendeiro, o senhor e coronel da região, e sua influência entre os iletrados, na visão do autor, com experiência na cultura letrada. A obra de denúncia política é um meio de combater as injustiças, o abandono dos governantes e os mandos e desmandos dos coronéis locais que, por intermédio de seus temíveis jagunços, tinham o poder de matar e destruir em nome de seu patrão. A obra caracteriza-se como uma luta do civilizado contra o poder do primitivo, do desenvolvimento contra a força bruta, da democracia contra a violência, mostrando-se como a caminhada do homem rumo à evolução social. Em Vila dos Confins, Palmério utiliza inventivamente a linguagem por meio do resgate de falas e modos de expressão regional ou local do homem sertanejo. O ponto de destaque da obra é o fato de narrar a história do homem do sertão, indivíduo capaz de enfrentar os mais terríveis problemas de sobrevivência em um ambiente em que está entregue à própria sorte. Vítima do abandono dos governantes, esse homem é um herói, representado aqui pelo humilde homem da roça e o pobre mascate Xixi Piriá, que convive com toda a sorte de perigos, condenado pela falta de recursos, ao mesmo tempo em que se mostra capaz de crescer nos momentos de conflito e dificuldades, com o objetivo de lutar contra os desmandos e vencer os mais terríveis opositores.