Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Drumont, Eliane
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Orientador(a): |
Alves, Marcelo da Silva
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Banca de defesa: |
Pereira, Maria Odete
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Gonçalves, Ângela Maria Corrêa
,
Vargas, Divane de
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Almeida, Geovana Brandão Santana
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Enfermagem
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Departamento: |
Faculdade de Enfermagem
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16227
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Resumo: |
A Reforma Psiquiátrica no Brasil redirecionou o modelo assistencial em saúde mental, propiciando um novo olhar político-social acerca dos pacientes portadores de transtornos mentais, tendo como fortalecimento, para sua instauração, os movimentos sociais como o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental, o II Congresso Nacional dos Trabalhadores de Saúde Mental e o Movimento da Luta Antimanicomial, além das leis e portarias que as consolidaram. Com o processo de desinstitucionalização das pessoas que permaneceram por décadas sendo tratadas por um modelo excruciante, mediante a Reforma Psiquiátrica, implantam-se serviços que se miram no cuidado em liberdade, quais se intenta a reabilitação social destas pessoas por meio de acolhimento, amparo ao cuidado psiquiátrico e recuperação da cidadania. Para esta finalidade instituem-se, além de outros serviços, os Serviços Residenciais Terapêuticos, que objetivam se estruturar como moradias comuns, integradas nos espaços urbanos, nos quais os moradores consigam participar das atividades sociais da comunidade e recebam por meio da rede de assistência social e de saúde, evidenciando no contexto desde estudo, a Estratégia de Saúde da Família, um cuidado integral e humanizado, os quais apoiem a reinserção e reabilitação social das pessoas que estiveram institucionalizadas. A publicação da lei 8.080, de 1990, cria o Sistema Único de Saúde que estabelece, em 1994, o Programa de Saúde da Família, vindo para reestruturar os serviços, orientando novas práticas profissionais com um cuidado pautado na prevenção de doenças, promoção e reabilitação da saúde da população, indivíduo, família e comunidade. Além destas responsabilidades, a Estratégia de Saúde da Família tem como compromisso a realização de visitas domiciliares, que visa a garantia de um cuidado mais humanizado pela constituição de laços de confiança e empatia entre os usuários e profissionais, processo de cuidado este cuja participação de enfermeiras (os) se faz fundamental. Neste contexto, esta pesquisa objetiva compreender o cotidiano das visitas domiciliares dos(as) enfermeiros(as) nos Serviços Residenciais Terapêuticos que estejam situados em sua área de abrangência, identificando as singularidades dos partícipes neste processo de trabalho. Para elaboração da pesquisa realizou-se um estudo ancorado no método qualitativo do tipo exploratório de natureza observacional e de caráter descritivo, realizando-se a interpretação dos dados após o achado dos mesmos. Foi utilizada abordagem fenomenológica, fundamentado na perspectiva da Sociologia do Cotidiano de Michel Maffesoli, visando a compreensão do olhar, desejos, angústias e interesses dos(as) enfermeiros(as) às visitas domiciliares aos Serviços Residenciais Terapêuticos. A coleta de dados ocorreu nas Unidades de Atenção Primária em Saúde, onde os partícipes trabalhavam, sendo entrevistados cinco enfermeiros(as), selecionados por amostragem intencional. Para a coleta dos depoimentos realizou-se entrevistas semiestruturadas e observação dos participantes, das quais a pesquisadora registrou no diário de campo. Esta etapa se fundamentou no momento intitulado “a descrição”, parte metodológica da Sociologia Compreensiva de Michel Maffesoli. A análise dos dados foi realizada por intermédio do referencial metodológico do sociólogo supracitado, utilizando as fases de “a intuição” e “a metáfora”, além da aplicação de outros referenciais teóricos. Após a transcrição das entrevistas, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, visto que esta inclina-se a compreender os materiais textuais transcritos das entrevistas e percepções alcançadas nos diários de campo. Conjuntamente foi empregue análise temática, leitura flutuante, técnica de constituição do corpus, formulação e reformulação dos discursos coletados e transcritos, buscando categorias analíticas. Por meio da dialética com diversos autores, análise dos relatos dos participantes e percepções descritas no diário de campo, as categorias foram estudadas respeitando o processo de triangulação de métodos analíticos, o que oportunizou uma análise coesa e fundamentada, gerando categorias pertinentes a proposta deste estudo. A pesquisa atendeu aos requisitos éticos legais em investigações envolvendo seres humanos, em consonância com as disposições regulamentadas na Resoluçãon.º 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Após percorrido todas as etapas emergiram as seguintes categorias: em cena, o Serviço Residencial Terapêutico institucionalizado: um olhar dos(as) enfermeiros(as) da Estratégia de Saúde da Família, na qual se identificou que os(as) profissionais vislumbram equivocadamente as finalidades dos Serviços Residenciais Terapêuticos, colocando-os como um novo espaço institucionalizante. A segunda categoria revela-se mediante a seguinte definição: a biomedicina em evidência, como uma motivação para a realização das visitas domiciliares: o dia-a-dia das visitas desvelado por uma perspectiva de “não ser/ não subjetivar”. Nesta categoria identificou-se que as visitas realizadas aos moradores das Residências Terapêuticas constituíram-se para reduzir estes a condições biologicistas, deixando para trás o sujeito, suas singularidades e suas demandas sociais. A última categoria, apontou, nos relatos dos depoentes, a estigmatização da loucura, de maneira que esta visão de mundo transpõe o ideário da Reforma Psiquiátrica, uma vez que corrobora para a exclusão social dos moradores das Residências Terapêuticas. Esta categoria foi intitulada: as pequenas grandes coisas que apontam a loucura como um estigma que torna enfraquecida a inclusão social dos moradores dos SRT’s. |