Advérbios em -mente no português brasileiro: uma análise baseada na morfologia distribuída

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Rodrigues, Bianca Agrelli lattes
Orientador(a): Armelin, Paula Roberta Gabbai lattes
Banca de defesa: Name, Maria Cristina Lobo lattes, Scher, Ana Paula lattes, Carvalho, Janayna Maria da Rocha lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16833
Resumo: Este trabalho investiga a estrutura interna de formações adverbiais em -mente do português brasileiro (PB). Para tanto, nos ancoramos no modelo teórico da Morfologia Distribuída (HALLE & MARANTZ, 1993; MARANTZ, 1997), doravante MD, tomando como ponto de partida a ideia de que a categoria não é um componente lexical definido previamente, mas resultado da combinação de núcleos funcionais e raízes no componente gerativo sintático. Os advérbios são alvo de constante debate na literatura e, portanto, os autores se diferem em sua visão a respeito de como definir essa classe de palavras. Assim, os advérbios são frequentemente apontados na literatura como subclasse de outras categorias, como das preposições (LEMLE, 1984; EMONDS, 1976; LEE, 1999), dos pronomes (BOMFIM, 1988) ou dos adjetivos (BAKER, 2003; BASÍLIO, 2007; LOBATO, 2008), por exemplo. Contudo, sob a argumentação de que os advérbios apresentam um comportamento morfossintático próprio que os distancia das outras categorias, alguns autores (JACKENDOFF, 1977; PAYNE et. Al., 2010) propõem que tais elementos se constituem como uma classe categorial própria e independente. Inserindo-se nesse cenário controverso, esta pesquisa revisita o debate acerca da natureza categorial dos advérbios em -mente, buscando investigar qual é a sequência mínima de núcleos funcionais, bem como os traços formais necessários e suficientes para que um advérbio seja sintaticamente formado. No PB, os adverbiais em -mente se configuram por incluir na sua estrutura interna um adjetivo no gênero feminino. Considerando as características morfossintáticas dessas formações, propomos que o formador -mente é resultado do processo de gramaticalização (ROBERTS e ROUSSOU, 1999; HOPPER e TRAUGOTT, 2003) de um substantivo que se converteu em um categorizador sintático adverbial (um adv, nos moldes da MD). Além disso, propomos que esse categorizador ainda preserva algumas propriedades da sua origem lexical, notadamente os traços valorados de gênero (feminino) e número (singular), os quais compartilha com o adjetivo ao qual se concatena. Desse modo, -mente apresenta simultaneamente características nominais e adverbiais, configurando-se como uma categoria mista (ALEXIADOU, 2001; PANAGIOTIDIS e GROHMANN, 2005).