O poema como morada: exílio em Ferreira Gullar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Paiva, Marcélia Guimarães lattes
Orientador(a): Guimarães, Raquel Beatriz Junqueira lattes
Banca de defesa: Fonseca, Maria Nazareth Soares lattes, Campello, Priscila Campolina de Sá lattes, Silva, Anderson Pires da lattes, Santos, Viviane Aparecida lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação: -
Departamento: -
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6267
Resumo: O ser humano precisa ter um lugar para morar. Um lugar onde se sinta protegido, que foi também a casa de seus antepassados e pode ser a de seus descendentes, um lugar onde ele esteja sempre e que, de alguma maneira, o acompanhe em seus deslocamentos. Morar diz respeito a sobreviver, a ter um significado para o outro e vice-versa, a criar uma identidade. A morada humana é construída no dia a dia e dia após dia, em um trabalho de reinvenção e readaptação. No caso de exilados, essa construção sofre uma interrupção, às vezes abrupta, e o trabalho deve ser reiniciado na terra de asilo. Mas, para todos, a criação da morada é um trabalho difícil, pois a morada tem faces contraditórias, está exposta às dificuldades da vida e é sempre instável. Devido às particularidades do exílio, essa construção pode se tornar ainda mais penosa. Na literatura de exílio, observa-se que o autor, impossibilitado de ter onde morar, constrói no texto sua morada. No texto literário, o exilado tenta rejuntar as partes de seu eu dilacerado. Como resultado, o poema pode se tornar essa morada como uma carga de estranhamento, ambiguidades, insegurança e sofrimento. Mas o poema também é o local de recuperação da identidade, especialmente da identidade linguística, da vivência do luto e da sobrevivência. Nesta tese, são analisados poemas que podem indicar que se tornaram a morada do poeta exilado. De maneira diferente, cada um vive seu exílio. Assim são os poetas e os poemas. Mas percebe-se que há cinco características que se repetem nesses poemas de exílio: o exilado está fora de casa, tem consciência do exílio, é um ser sozinho, deseja um paraíso e passou por uma experiência de exílio anterior. A presença dessas características em diversos poemas aqui é uma pequena amostra da tradição ocidental e brasileira de poesia de exílio. Herdeiro dessa tradição, Ferreira Gullar cria poemas que reinventam sua cidade natal, fazem reflexões a respeito de seu exílio por razões políticas e demonstram certo ensimesmamento. Supõe-se que esses são três tipos de exílio existentes na poesia desse autor.