Uma memória de papel: retórica, comunidade e cânone na epistolografia latina goisiana (1528-1545)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Sá Júnior, Luiz César de lattes
Orientador(a): Fernandes, Cássio da Silva lattes
Banca de defesa: Domingues, Beatriz Helena lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1618
Resumo: O objetivo desta pesquisa é compreender o papel do epistolário latino do humanista português Damião de Góis na construção de seu prestígio social e no fortalecimento de sua autorrepresentação para o futuro. No primeiro capítulo, procuro situar Góis no contexto de sua atuação diplomática a serviço de d. João III, momento que precedeu sua decisão de voltar-se aos estudos humanistas de forma prioritária. Também tento reconstruir a genealogia de seus primeiros contatos com humanistas como Cornelius Grapheus, seu tutor de latim, e as fórmulas que foram importantes para sua posterior atividade epistolar. Concluo o capítulo com a descrição e análise da Brevíssima arte de escrever cartas, de Erasmo - possivelmente lida por Góis - observando as regras do gênero. No segundo capítulo, observo a atuação de Góis nos círculos eruditos da República das Letras. Relaciono a questão da República das Letras à prevalência da retórica nos escritos de diversos personagens ligados direta e indiretamente a Góis, tentando traçar a rede de contatos dele por meio do estudo das cartas. O pano de fundo dessas relações é a querela ciceroniana, uma das mais importantes querelas literárias do século, em capítulo aberto por Erasmo com a publicação do diálogo Ciceronianus, e, ainda, as polêmicas religiosas em torno às tentativas do cardeal Jacopo Sadoleto de reaproximar Melanchton dos católicos. Ensaio uma interpretação para as posições de Góis em relação a essas circunstâncias, procurando refletir se elas teriam impactado em sua produção de cartas. No terceiro capítulo, discuto os temas das cartas latinas divididos segundo os tópicos sugeridos por Grafton. Assim, considero a formação de amizades e de inimizades por meio das cartas como formas de criar vínculos essenciais na República das Letras. Também descrevo as tentativas de Góis de construir seu prestígio canônico entre os humanistas por meio da edição das obras completas de Erasmo após sua morte. Por fim, discuto as diversas cartas voltadas à divulgação dos textos escritos por Góis e a coletânea de suas correspondências mais ilustres que fez publicar em 1544. Tento, com isso, sincronizar as missivas pertinentes e a obra epistolar que produziu no sentido da conservação de sua memória.